20 de maio de 2006

Do éter as palavras

Revela, soberba musa,
do éter as palavras.

Envia, dos remotos lugares enevoados,
a definitiva, inabalável certeza,
o derradeiro segredo da humanidade.

Apaga, de um golpe só, acutilante,
a hesitação subterrânea,
a tentação de desistir
antes do derrame da última gota de sangue.

Revela-te, musa magnífica,
mostra quem és.

Destrói os alicerces das íntimas muralhas.
Arrasa os menores vestígios da vontade,
reduz a nada o senso infame.

Transporta o homem no dorso do poderoso dragão,
as asas imensas sobre as perdidas e agrestes galáxias desabitadas.
Ou embriaga-o em éter, amordaça-lhe a palavra,
desilude-o: que nada tem de divindade.
Carvalhinho do Lago

2 comentários:

Anónimo disse...

Vinha agradecder e...
meu olhar prendeu como um íman
O centro deste éter ardente...

Anónimo disse...

Magnífico!Etéreo! O grito do poeta quando o verbo é escasso, ou não surge, ou não satidafaz... Musas!