Há 2069 anos nasceu Gaius Octavius, que veio a ser Gaius Julius Caesar Octavianus Augustus (Caio Júlio César Octaviano Augusto, n. 23 de Setembro de 63 a.C., m. 19 de Agosto de 14 A.D.), primeiro imperador de Roma. Fundou a cidade de Bracara Augusta provavelmente no ano 16 a.C. depois das Guerras Cantábricas e da ulterior pacificação do Noroeste da Península Ibérica. Mais tarde, Bracara viria a ser elevada a sede de conventus juridicus e a capital da Província da Galécia. No Século V a cidade foi capital do Reino Suevo.
Não há em Braga qualquer monumento, ou mesmo nome de rua ou praça, que lembre e eternize a memória do seu fundador. Repetindo hoje o epíteto que dei a esta cidade em Braga, a Ingrata, faço a minha homenagem aqui a César Augusto e coloco, em OUTROS SÍTIOS, uma ligação permanente para Bracara Augusta, onde se poderá conhecer melhor esta cidade, que, no seu tempo, tinha uma dimensão equivalente a 5 ou 6 "conímbrigas".
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Estátuas e outros monumentos não têm apenas valor pela memória que pretendem preservar, pela figura que homenageiam, ou pela arte da construção. São também afirmações de identidade cultural e até de ideias políticas. Em Madrid há uma série de estátuas dos reis visigodos sugerindo a nostalgia castelhana de uma Península Ibérica unificada sob a autoridade imperial desta cidade. Madrid, no entanto, estava ainda longe de ser projecto ao tempo do Reino Visigodo, cuja capital era, de facto, Toledo. Durante quase duzentos anos, o único entrave à unificação da Península pelos visigodos foi o Reino Suevo, cujos reis, vivendo na capital, Bracara, aceitaram com facilidade a cristianização encetada por Martinho de Dume com o objectivo político, não só de se aproximarem da população romano-cristã que regiam, mas também de se diferenciarem culturalmente do povo vizinho que, afinal, tinha a mesma origem e falava a mesma língua. Estendendo-se da Corunha ao Mondego, acrescentando ao território da Galécia grande parte do da Lusitânia, esta nação viria a constituir a base do futuro Reino de Portugal. Foi ainda o rei suevo Hermenerico I que construiu, no local onde actualmente se situa a Sé do Porto, o Cale Castrum Novum (Castelo Novo de Cale), em cujo sopé existia o porto que passou assim a designar-se de Portus Cale, a Ribeira dos nossos dias, de onde "houve nome Portugal".
A edificação de um monumento aos reis suevos em Braga não seria uma vã manifestação de orgulho bairrista, mas sim, uma reafirmação, que parece ser hoje novamente urgente, da identidade portuguesa face à grande Espanha.
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