20 de novembro de 2006

Música Clássica







1. A RUM, sendo propriedade da Universidade do Minho, não se pode reger exclusivamente pelas leis do mercado. É compreensível que passe publicidade e também é sabido que esta rádio não se pode dar ao luxo de filtrar os anúncios de qualidade mais que duvidosa. Eu estou a escrever aqui, neste blogue, porque a publicidade paga o suficiente à Google para que esta possa manter o Blogger e o Blogspot. Este espaço é assim, de facto, pago pela publicidade. Outra verdade básica e comummente aceite é que para a rádio ter publicidade necessita de público. Mas, não se pode esquecer que é uma rádio universitária e que, por isso, tem deveres informativos, formativos e pedagógicos. Não pode nivelar por baixo a qualidade e conteúdo dos programas, sujeitando-os aos gostos de um eventual público iletrado. Não se pode esquecer que "o gosto também se educa".
É por isto que não compreendo que a Rádio Universitária do Minho não tenha na sua grelha um único programa de música clássica.

2. Não raras vezes, na Universidade do Minho, os alunos (não necessariamente estudantes) são tratados e deixam-se tratar como se fossem crianças do 1.º Ciclo. O ridículo chega ao ponto de assistirem às aulas sentadinhos, com o nome afixado num papelito estrategicamente colocado sobre as "carteiras". As ciências e tecnologias de ponta, tão profusamente propagandeadas nos órgãos de comunicação, são pertença exclusiva de uma reduzidíssima minoria. Os restantes são tratados como carneiragem para engrossar números de estatística e manter o estabelecimento a funcionar, pois que dele depende muito professor doutor que, caso caísse no desemprego, dificilmente escaparia à tentação suicidária. Os "estudantes" da UM, como os de muitos outros estabelecimentos portugueses de ensino superior, manifestam a sua intervenção cultural na cidade, no primeiro semestre, através das praxes de recepção aos caloiros, vestindo umas feias roupas com chapéus horríveis e fazendo as mais tristes e ridículas figuras que se pode imaginar; no segundo semestre enterram a gata enquanto se afogam a si mesmos em álcool ao som do Quim Barreiros. São, como se vê, pessoas de elevado nível cultural que daqui a poucos anos vão construír casas, estradas e pontes por este país fora, tratar a saúde da população (ou antes, tratar da saúde à população?), julgar ou defender arguidos, ensinar as gerações futuras. Se alguém se estiver a sentir aterrorizado, pode estar certo de que esse sentimento é perfeitamente justificado.
É por isto que compreendo que a Rádio Universitária do Minho não tenha na sua grelha um único programa de música clássica.


"Galeria de Imagens" gentilmente cedida por Rádio Mozart.

2 comentários:

Anónimo disse...

talvez porque não tenha havido propostas nesse sentido. a mudança faz-se... agindo!

Mié disse...

Começar por denunciar públicamente todas as "estupidezes" que os "chicos espertos" andam por aí a fazer, a coberto de uma soberba ignorância intelectual, em que quem se vai lixar no futuro...é o mexilhão, é o caminho.
Agir no mesmo sentido, para se acabar com este estado a que o Estado chegou, é um dever cívico.
Parabéns.