16 de abril de 2007

O processo de averiguações internas



A Universidade Independente vai divulgar amanhã as conclusões da averiguação realizada internamente ao processo de José Sócrates, numa conferência de imprensa para a qual convidou o primeiro-ministro e o ministro do Ensino Superior, Mariano Gago.

A assessora da instituição, Maria João Barreto, explicou que está a decorrer "um processo de averiguações internas" aberto no sábado, na sequência da divulgação de diferentes certificados de habilitações de José Sócrates, que a Universidade Independente (UnI) considerou poderem ser forjados.

"Enviámos há cerca de uma hora um fax ao primeiro-ministro e ao ministro do Ensino Superior a convidá-los a estarem presentes numa conferência de imprensa a realizar amanhã, em hora a sugerir pelo primeiro-ministro, no âmbito da qual queremos esclarecer tudo o que rodeia o caso das habilitações de José Sócrates", afirmou.

Para tal, será divulgado o dossier do processo do aluno José Sócrates, que a instituição guarda num cofre blindado onde estão também depositados documentos relacionados com o processo académico de outras figuras públicas que estudaram na Independente.

Segundo a assessora, a instituição guarda estes documentos num cofre privado, com o objectivo de "salvaguardar a vida privada de cidadãos que aqui estudaram e que entretanto adquiriram notoriedade". "Mas como têm vindo a público tantas controvérsias, com alegadas falsificações e contradições na forma, decidimos divulgar os documentos para a salvaguarda do bom-nome da universidade", justificou.

UnI admite existência de documentos falsificados

A abertura do processo de averiguações foi anunciada sábado pela UnI, depois de ser divulgado um segundo certificado de habilitações de José Sócrates, com notas divergentes e uma data de emissão diferente da que consta no diploma de licenciatura que o primeiro-ministro mostrou quarta-feira em entrevista à RTP.

O segundo certificado, datado de 8 de Agosto de 1996, foi enviado à Câmara da Covilhã em 2000, a pedido de Sócrates, numa folha da universidade que identifica a instituição com um código postal e número de fax com a nova numeração, introduzida depois de 1998. "Em prol da verdade e da transparência, afirma-se que, a haver documentos díspares, alguns poderão ser forjados e, por isso, vamos apurar responsabilidades", anunciou a UnI, num comunicado divulgado sábado.

De acordo com Maria João Barreto, "a multiplicação de certificados visa descredibilizar a universidade", imputando-lhe "culpas" pela existência de documentos contraditórios e divergentes.

Questionada sobre as pessoas de quem a instituição desconfia neste caso, a assessora afirmou, sem querer especificar, que "desde o início há interessados em destruir a UnI em prol de outros negócios".

"Já deram entrada [no Ministério do Ensino Superior] dez novos pedidos para criação de universidades privadas. Se esta fechar, cria-se um novo mercado", afirmou, acrescentando estarem a ser reunidas provas relativas a alegadas angariações de alunos da UnI para outros estabelecimentos de ensino privados. "Temos a confirmação, testemunhos e documentos escritos que atestam a caça ao aluno da UnI, em negócios feitos com outras universidades privadas", disse.

Segundo a assessora, foi prometido a ex-membros da UnI, "que saíram e estão proibidos de entrar na universidade pela SIDES [empresa proprietária], proventos financeiros em troca da captação de alunos" daquela instituição para outras. Este "negócio", especificou, não está a ser praticado pelas próprias universidades privadas concorrentes, mas por "alguns professores e responsáveis" dessas instituições.

Há uma semana, o Ministério do Ensino Superior determinou o encerramento compulsivo da UnI, tendo a universidade dez dias úteis para contestar o despacho provisório do ministro Mariano Gago.

No âmbito desse processo, a assessora afirmou hoje que sexta-feira passada, pelas 18h00, a UnI "recebeu um ofício do ministério a pedir um rol de documentos que deveriam ser reunidos e entregues em dois dias úteis".

A universidade contesta este prazo, alegando que a lei prevê cinco dias úteis e que muitos dos documentos solicitados, incluindo relatórios de contas e da própria Inspecção-Geral de Ensino Superior, se encontram actualmente na posse da Polícia Judiciária, estando o seu acesso vedado à UnI.

Algo me diz que amanhã vamos ficar a saber que todos os "erros" nos certificados de habilitações do PM se ficaram a dever a algum obscuro e incompetente funcionário administrativo da UnI e que o relatório dos inspectores do Ensino, que ainda não se sabe quando será conhecido, apontará para a inexistência de motivos válidos que possam levar ao encerramento compulsivo desta instituição.
Se isto se vier a confirmar, não me chamem "Karamba", caramba!

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2 comentários:

cristina ribeiro disse...

Também me parece...;arranja-se sempre um qualquer bode expiatório.

Pedro Leite Ribeiro disse...

Parece-me que me enganei. E ainda bem, claro! A conferência da UnI promete e o Sol já revelou a forma como o Engenheiro fez a cadeira de Inglês. Pode ser que não me fique bem mas confesso que estou curioso por saber o resto.
Que mais irá acontecer? Veja as cenas dos próximos capítulos...