Poucos dias depois de, em postagem recente, ter chamado "provinciana e parola" à cidade de Braga, vi na TV as imagens da inauguração do túnel do Marquês com 10 a 12 mil pessoas a aproveitar da melhor maneira um dia feriado atravessando-o a pé e, quais engenheiros formados pela UnI, a produzirem toda a espécie de sentenças, opiniões, juízos e quejandos em relação a tudo, desde as questões de segurança à sinalização e escoamento de águas, etc., etc.
Lembro-me de um dia, já lá vão muitos anos, em que tive de saír do autocarro à chegada ao Terreiro do Paço por causa da multidão que bovinamente observava o casco enferrujado e imóvel de um navio encalhado junto ao Cais das Colunas. Creio que se chamava Tollan, ou algo parecido, e era notícia em todos os telejornais, vá lá saber-se porquê.
Em tempos já muito mais próximos, também em Lisboa, bem no centro da cidade, observei um sujeito numa varanda a chamar o vizinho para ir ver uns quatro ou cinco monges budistas que, trajando a habitual túnica laranja, passavam na rua. "Nunca tal havia visto!", clamava o sujeitinho da varanda, logo obtendo, com lento e pronunciado gesto da cabeça, a total anuência do embasbacado vizinho.
A verdade é que não existe em Portugal lugar algum onde não tenhamos que deparar com portugueses. Sabendo dessa notável, inevitável e aterradora realidade, os "investigadores" Helena Fonseca, Cláudio Ferreira, Grifu e Nuno Martins, distintos estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, realizaram um divertido trabalho de cariz antropológico-cultural acerca do português típico, o homem do povo, ou ainda, usando a expressão do meu bom amigo Rui Mendes, a "pôba". Intitula-se a obra, "O Portuga de A ~ Z".
Lembro-me de um dia, já lá vão muitos anos, em que tive de saír do autocarro à chegada ao Terreiro do Paço por causa da multidão que bovinamente observava o casco enferrujado e imóvel de um navio encalhado junto ao Cais das Colunas. Creio que se chamava Tollan, ou algo parecido, e era notícia em todos os telejornais, vá lá saber-se porquê.
Em tempos já muito mais próximos, também em Lisboa, bem no centro da cidade, observei um sujeito numa varanda a chamar o vizinho para ir ver uns quatro ou cinco monges budistas que, trajando a habitual túnica laranja, passavam na rua. "Nunca tal havia visto!", clamava o sujeitinho da varanda, logo obtendo, com lento e pronunciado gesto da cabeça, a total anuência do embasbacado vizinho.
A verdade é que não existe em Portugal lugar algum onde não tenhamos que deparar com portugueses. Sabendo dessa notável, inevitável e aterradora realidade, os "investigadores" Helena Fonseca, Cláudio Ferreira, Grifu e Nuno Martins, distintos estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, realizaram um divertido trabalho de cariz antropológico-cultural acerca do português típico, o homem do povo, ou ainda, usando a expressão do meu bom amigo Rui Mendes, a "pôba". Intitula-se a obra, "O Portuga de A ~ Z".
4 comentários:
Excelente obra Parolista. :) Nunca me ri tanto a visitar um sai-te! Ao mesmo tempo, nunca saí de um site com uma auto-estima tão em baixo...
Que retrato!!!
Horrível, mas verdadeiro para um largo sector da população deste País. Aquelas músicas e o resto...
Isto até me envergonha, tal como as histórias do PM e outras, ao ponto de me fazer hesitar em publicar coisas destas. Mas "a verdade deve ser dita nua e crua", não é verdade?
E depois, a nossa capitalzinha está cheia de uma gentinha que mete dó. E que, ainda por cima, se sente algo por viver na capitalzinha, à conta daquela frase, datada do séc. XIX, do outro provinciano afrancesado, de que Lx é Portugal e o resto paisagem. Pois seja! Pena é que se tenha vindo a destruír tanto esta última! A melhor definição de provincianismo que conheço é a de Fernando Pessoa: "O provincianismo vive da inconsciência; de nos supormos civilizados quando o não somos, de nos supormos civilizados precisamente pelas qualidades por que o não somos." Mas também diz: "Se, por um daqueles artifícios cómodos, pelos quais simplificamos a realidade com o fito de a compreender, quisermos resumir numa síndroma o mal superior português, diremos que esse mal consiste no provincianismo. O facto é triste, mas não nos é peculiar. De igual doença enfermam muitos outros países, que se consideram civilizantes com orgulho e erro."
Abraços e não fiquem tristes. :)
Parabéns pelo humor!!! Nada melhor do que ser capaz de rir com a própria desgraça. Isso também é uma característica dos brasileiros e afinal, o que nos mostras nesse excelente dicionário - e os criadores estão de parabéns - é igual em toda parte do mundo, pois educação, bons modos, cuidado e respeito, são coisas que não encontramos com facilidade e nem vemos sendo praticada com naturalidade.
Mas te asseguro que eu acabei rindo muito!!!
Beijinhos pra teu final de semana!!!
Cris
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