“Ele não faz. Ele é!” Parasita, digo eu. Típico de algumas individualidades que marcam presença em certos locais bem afamados, não só da capital, esta definição tão expressiva em admiração imbecil, rotula uma grossa e representativa fatia de supostos monárquicos, herdeiros de um apelido, provavelmente também de bens, mas carentes em formação moral, cívica e pessoal. Totalmente improdutivos, constituindo o oposto do que deve ser uma sociedade premiadora do mérito e do engenho, em nada contribuem para o progresso e o bem-estar, nem mesmo o próprio, já que mais não são do que herdeiros de inócuas vaidades e falsas virtudes.
“Deus, Pátria, Rei”. Se um dos aspectos mais importantes e significativos da monarquia, é o facto de o chefe de estado ser rigorosamente supra-partidário, conferindo-lhe desse modo o estatuto de monarca de todos os súbditos, sem excepção, este lema destrói por completo esta independência isenta, promiscuamente confundindo Estado com Religião, um “bom” princípio para a restauração de desigualdades inter-pares, como idealmente todos, sempre mais cidadãos do que súbditos, deveríamos ser, uma “óptima” continuação do desrespeito das diferenças naturais dos indivíduos, um “excelente” fim da liberdade de opinião.
“Autoridade, raça, tradição”. Frequentemente próximos, salazaristas, integralistas e monárquicos, por mais paradoxal que possa parecer, em muito se assemelham ao Bloco de Esquerda, aliança tácita entre inimigos históricos, politicamente irreconciliáveis. Se a Primeira República assassinou a Monarquia, a Segunda atirou com pazadas de terra para cima do régio túmulo. Ao contrário do Caudilho de Espanha, o Chefe de Portugal, pessoa dada a falsas modéstias, idolatrado pelo povo das cidades e dos campos, convencido da sua insubstituibilidade e de ter sido dotado de um destino místico qualquer, duvidando talvez já da sua mortalidade, e depois de ter, por todos os meios, afastado da esfera do poder quaisquer possíveis herdeiros da Coroa Portuguesa, ingloriamente se foi sem deixar, ao menos, um mero esboço de aproximação a um testamento político. Ficou um povo órfão, infantilizado, sem norte, habituado que foi, durante meio século, à existência de um “pai” que tudo trata e tudo resolve, nunca chamado a emitir opiniões, nunca minimamente responsabilizado. Não sendo tema da minha especialidade, mas antes da competência de psicólogos e psiquiatras, torna-se evidente que é ainda este “pai” que alguns monárquicos esperam, transferindo a imagem do ditador para o monarca, como se de dois lados da mesma moeda se tratasse. Ressentidos pela perda de poder e privilégios, procuram outros, em fórmulas oitocentistas, perfeitamente datadas e totalmente desadequadas, ridículas mesmo já na época em que foram congeminadas, o leitmotiv de uma existência vazia e frustrada, incapaz de gerar novas e enriquecedoras ideias que não daquelas potencialmente capazes de suscitar o reaparecimento de velhos ódios há muito caídos em desuso.
“Deus, Pátria, Rei”. Se um dos aspectos mais importantes e significativos da monarquia, é o facto de o chefe de estado ser rigorosamente supra-partidário, conferindo-lhe desse modo o estatuto de monarca de todos os súbditos, sem excepção, este lema destrói por completo esta independência isenta, promiscuamente confundindo Estado com Religião, um “bom” princípio para a restauração de desigualdades inter-pares, como idealmente todos, sempre mais cidadãos do que súbditos, deveríamos ser, uma “óptima” continuação do desrespeito das diferenças naturais dos indivíduos, um “excelente” fim da liberdade de opinião.
“Autoridade, raça, tradição”. Frequentemente próximos, salazaristas, integralistas e monárquicos, por mais paradoxal que possa parecer, em muito se assemelham ao Bloco de Esquerda, aliança tácita entre inimigos históricos, politicamente irreconciliáveis. Se a Primeira República assassinou a Monarquia, a Segunda atirou com pazadas de terra para cima do régio túmulo. Ao contrário do Caudilho de Espanha, o Chefe de Portugal, pessoa dada a falsas modéstias, idolatrado pelo povo das cidades e dos campos, convencido da sua insubstituibilidade e de ter sido dotado de um destino místico qualquer, duvidando talvez já da sua mortalidade, e depois de ter, por todos os meios, afastado da esfera do poder quaisquer possíveis herdeiros da Coroa Portuguesa, ingloriamente se foi sem deixar, ao menos, um mero esboço de aproximação a um testamento político. Ficou um povo órfão, infantilizado, sem norte, habituado que foi, durante meio século, à existência de um “pai” que tudo trata e tudo resolve, nunca chamado a emitir opiniões, nunca minimamente responsabilizado. Não sendo tema da minha especialidade, mas antes da competência de psicólogos e psiquiatras, torna-se evidente que é ainda este “pai” que alguns monárquicos esperam, transferindo a imagem do ditador para o monarca, como se de dois lados da mesma moeda se tratasse. Ressentidos pela perda de poder e privilégios, procuram outros, em fórmulas oitocentistas, perfeitamente datadas e totalmente desadequadas, ridículas mesmo já na época em que foram congeminadas, o leitmotiv de uma existência vazia e frustrada, incapaz de gerar novas e enriquecedoras ideias que não daquelas potencialmente capazes de suscitar o reaparecimento de velhos ódios há muito caídos em desuso.
6 comentários:
Miguel Castelo Branco comenta este texto colocando o dilema dos monárquicos entre a doutrina e a acção. Há anos que leio os (designados) neo-integralistas como o Dr Mário Saraiva e/ou os Constitucionalistas (também designados por "republicanos coroados"). Não há nada, aparentemente, que supere esta desgastante e enraizada dicotomia, nem outros problemas relacionados com a legitimidade da Instituição Real. Um tal desgaste é impensável entre correligioários.
De facto, acertou em cheio. Sempre suspeitei que o Estado Novo tivesse sido afinal, aquela república ordeira onde era susceptível "viver-se habitualmente", desde sempre sonhada pela burguesia republicana de Lisboa, desde o sr. Grandella, ao sr. barão de Joane, quero dizer Bernanrdino Machado. A guerra vergonhosa e mesquinha conduzida por alguns dos denominados grandes vultos da 1ª república contra D. Manuel II e a rainha D. Amélia, só encontraria paralelo nos integralistas e seus sucedâneos estadonovistas. A chamada situação foi afinal a tal acalmia que pela estagnação, mesquinhez e obliteração de reputações e princípios consolidou o regime, aviltando-o ao ponto de hoje termos de suportar o sr. Cavaco e a respectiva consorte. Tristes aliados eles são...
Uma da pior doença infantil do Monarquismo Português é que uma parte são aqueles que descendem directamente dos que ficaram em casa em 5 de Outubro de 1910, outra parte continua a discutir o absolutismo.
"Do" «Jansenista» :
- «Curiosas reflexões sobre acção e contemplação, «imersão existencial» e diletantismo – reportados à pequena ilha social dos monárquicos, AQUI e assinaladas AQUI.
Lembra-me o dilema de Karl Marx, denunciador da filosofia contemplativa e crepuscular de Hegel, e ele próprio denunciado pelos revolucionários e socialistas «utópicos» como não mais do que um intelectual contemplativo, um diletante.
Talvez não haja solução para essa tensão dilemática, entre a perspectiva dos «operacionais» que preferem a prática mesmo que arriscando a cegueira, e a dos intelectuais que privilegiam a teoria, mesmo a que acarreta a esterilidade. Talvez sejam ambos necessários, ou mais ainda necessária a tensão que os divide».
Isto assim.
Dificilmente poderia ser mais ajustado o seu post. Digo-lhe até que qualquer republicano que queira fazer propaganda anti-monárquica não precisa arengar, basta-lhe colocar um monárquico do tipo que referiu a falar sobre Monarquia na versão panaceia, e imediatamente angaria adeptos para a República.
Referiu o lema dos monárquicos inconcientemente anti-monárquicos, o "Deus, Pátria, Rei". Quem usa este lema deveria pensar um pouco melhor sobre o efeito que a militância católica teve no consolidar da República em Portugal. Certamente esses desconhecem que foram os dirigentes políticos católicos, tanto na I como na II Repúblicas que contribuiram ativamente para a inviabilidade da reinstauração da Monarquia em Portugal.
Na I República, após Monsanto, dedicaram-se a apaniguar-se com o jacobinismo remanescente levando muitos milhares de católicos a abandonar o ideal monárquico. Para estes dirigentes a Monarquia ou Portugal eram um assunto subalterno. Para eles o mais importante era a recuperação de posições da Igreja Católica ainda que para isso tivessem que se entender com o fundamentalismo republicano, como aliás fizeram.
Na II República foi o que se viu. Um Salazar que tira Portugal do caos mas que, terminada a sua obra, não teve a ambição de um Portugal livre e desenvolvido, apenas a de um Portugal honrado e católico, ainda que pobre. Só lhe era possível manter a sua branda autocracia católica numa República, nunca numa Monarquia Europeia do pós-guerra, democrática e livre. E Salazar fez a sua opção. O homem que tinha posto Portugal antes de tudo e reconstruiu um país, acabou por se pôr, a si mesmo e à República, ntes de Portugal, para mal de Portugal.
... estou a ver que tenho de rever os meus conhecimentos :
Os integralistas "moveram-se" contra D. Manuel II e a Rainha Dª Amélia ?
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