11 de outubro de 2007

Eléctricos em Braga?





Para um executivo cansado e vazio de ideias como o da Câmara de Braga, a ideia de fazer regressar os eléctricos à cidade, propalada por Pedro Morgado do Avenida Central, caiu que nem ginjas. O mesmo se pode aplicar à triste oposição com assento na Assembleia Municipal, cuja campanha para as últimas autárquicas praticamente se limitou a um confrangedor debate sobre o que hoje é uma pobre ciclovia. No entanto, nem sequer é uma boa ideia: se for um eléctrico de superfície, paralisará o já caótico trânsito rodoviário; se se tratar de um eléctrico com linhas aéreas, terá consequências desastrosas para a já tão sacrificada paisagem urbana bracarense.
Por outro lado, não podemos descurar o facto de que, se a energia hidroeléctrica se insere na categoria das energias renováveis, é também daquelas que possuem impactos ambientais mais negativos, imediatamente a seguir às nuclear, petrolífera e carbonífera. Soma negativamente a isto, o facto de Portugal ser um país importador de electricidade. Não compreendo assim que, numa altura em que se fazem constantes apelos à poupança desta energia nos nossos lares, devido ao impacto negativo, quer no equilíbrio ecológico, quer na balança de pagamentos, se discutam e defendam maneiras de aumentar o seu consumo.
A questão do trânsito colocou-se em 1963, quando a Câmara Bracarense trocou, cedendo à vontade e ao apoio financeiro do Governo, os eléctricos por troleicarros, mais silenciosos e mais manobráveis. Já nesses inícios dos sessenta o sistema de eléctricos estava obsoleto, numa época em que o número de automóveis a circular constituía apenas uma reduzidíssima fracção do que se vê actualmente.
Não tarda, estão aí os transportes públicos movidos a hidrogénio, uma energia totalmente limpa e veremos então, mais uma vez, o desenvolvimento sustentável passar ao nosso lado.

Fotos dos troleicarros de Braga de Arsindo, na colecção de Emídio Gardé
Publicado simultaneamente em BlogMinho.

8 comentários:

Pedro Morgado disse...

Caro Pedro Ribeiro,

Obrigado pelo seu contributo para esta discussão.
Na verdade, a nossa proposta não quer reintroduzir os eléctricos os anos sessenta, mas sim promover a criação de uma rede de transportes eléctricos sobre carris moderna, ao estilo do que sucede na maioria das cidades de média dimensão da Europa.

Pedro Leite Ribeiro disse...

Nunca pensei que a proposta fosse no sentido de reintroduzir os velhos eléctricos (que não datavam dos anos sessenta, mas sim da segunda década do século passado: foram introduzidos em Braga em 1914, se não erro). Modernos ou antigos, os eléctricos funcionam sobre carris ou suspensos sob um carril aéreo que, além de caro é absolutamente inestético.
Nunca me agradou o seguidismo tão português e provinciano em relação ao que se faz no resto da Europa. Muito do que é europeu é velho e obsoleto, e hoje em dia, face às exigências energéticas e ecológicas, novas propostas vão surgindo. Imaginemos que Braga adopta a rede de eléctricos e que esse exemplo medra nas cidades portuguesas. Que custo representará esse fenómeno para o consumo de energia no nosso país?

Anónimo disse...

Exactamente. Como digo sempre ao meu filho de 12 anos, as coisas más não são para serem imitadas. Desenvolver / aumentar a ciclovia – Braga presta-se para isso.

Pedro Leite Ribeiro disse...

Tal como prometido, os comentários ao texto publicado no BlogMinho, o de E. Monteiro e a minha resposta.

E. Monteiro:
Caro Pedro Ribeiro,

Nesse ponto de vista não sei porque utiliza a Internet… esta a utilizar energia eléctrica importada e vai ajudar a poluir o ambiente… Vamos ser sérios em discussão de temas sérios!
Portugal afirma-se cada vez mais com pais produtos de energia eólica (limpa). Associando esse facto a um transporte eléctrico (limpo) que irá diminuir o numero de viaturas a circula durante o dia na cidade e região (ligação a Guimarães, Barcelos, Prado) mais o desenvolvimento económico e social que iria despoletar.
No caso clássico do eléctrico antigo, seria óptimo para o turismo passando em zonas específicas e estudas previamente.
Se calhar isto a si não lhes diz nada… mas para o Minho é de grande importância uma rede de transportes que o ajude a desenvolver. Eu pensava que este Blog era em defesa do Minho…mas afinal…

12 de Outubro de 2007 15:46

Pedro Ribeiro:
1. Começar com uma anedota não me parece ser a melhor forma de propor seriedade no tratamento do assunto.
2. Conforme diz o autor do debate em questão, Pedro Morgado, não se trata de "reintroduzir os eléctricos dos anos sessenta, mas sim promover a criação de uma rede de transportes eléctricos sobre carris moderna".
3. Os eléctricos não são a única energia limpa disponível (no meu pequeno texto refiro os motores a hidrogénio cuja produção em série deve estar por pouco tempo, tendo em vista as empresas que nele têm estado a investir - Ford, BMW).
4. A ligação a Braga-Guimarães e talvez (espero eu) outras povoações, deverá ser feita de metropolitano.
5. Não existem estudos que relacionem o afluxo de turistas com a existência de eléctricos e creio que nunca existirão por motivos óbvios.
6. Não é estranho que se acuse todos aqueles que tecem críticas ao poder político bracarense de estarem contra Braga. Não é verdade, mas o contrário poderá sê-lo, principalmente quando desconfiamos que há pessoas que vivem às custas da boa fé e ingenuidade de uma população que durante dezenas de anos se tem vindo a sentir desprezada pelo poder central.

12 de Outubro de 2007 17:00

Pedro Morgado disse...

Caro Pedro Ribeiro,

"Que custo representará esse fenómeno para o consumo de energia no nosso país?"

1. O Eléctrico é menos poluente que o automóvel individual.

2. A aposta no eléctrico não invizabiliza a aposta em transportes não poluentes.

Pedro Leite Ribeiro disse...

Sim, isso é verdade. Não pretendo convencer ninguém, nem ser convencido, no que respeita a esta questão dos eléctricos. Sei que os transportes públicos de Braga funcionam mal, assim como a limpeza da cidade e o arcaico sistema de recolha de lixo. Incomoda-me a mim, mais do que a questão de haver ou não eléctricos, a falta de higiene. Quanto aos primeiros, lembro-me bem da barulheira que fazem e dos transtornos provocados no trânsito. Também me recordo claramente de como foi bem recebido o silêncio dos troleicarros em Braga e vista com bons olhos a sua manobrabilidade. Não me esqueço de umas noites mal dormidas em Lisboa, em Campo de Ourique, por causa do chinfrim dos carros eléctricos. Dão-se passeios giros, é um facto. Dos Prazeres à Graça, em Lisboa, e, no Porto, havia uma carreira que nos levava da Praça dos Leões à beira-rio onde se podia embarcar para a Afurada. Creio que esta já não existe... por causa dos problemas levantados ao trânsito.

Pedro Morgado disse...

Caro Pedro Ribeiro,

O eléctrico voltou ao Porto e penso que faz essa carreira que referiu. Eu sou o primeiro a reconhecer algumas desvantagens nos eléctricos. E penso que o debate só pode favorecer esta discussão.

O barulho, os carris e os impactos no trânsito são sem dúvida as maiores desvantagens, mas penso que já há métodos avançados de minimizar muitos desses impactos.

koolricky disse...

E se o Electrico fosse subterraneio na malha urbana e de superficie nos arredores/ligacoes ao outras cidades minhotas? Nao e o presidente da edilidade Bracarense que quer escavar (mais)um buraco para alargar o tunel da Avenida? Se gosta tanto de tuneis porque nao embarca ele "hard on" com a construcao de um metro?
http://mesadaciencia.blogspot.com/
2007/11/transportes-srio.html
http://mesadaciencia.blogspot.com/
2007/10/metro-em-braga.html