31 de janeiro de 2008

O Rei morreu! Viva o Rei!


25 comentários:

Mié disse...

Eu não sou monárquica, mas


Viva o Rei.

Anónimo disse...

Os norte-coreanos parecem meninos de coro no que concerne à idolatria do chefe...

Anónimo disse...

O Rei morreu, viva o Buíça!

Pedro Leite Ribeiro disse...

Logo que possa direi qualquer coisa acerca da "idolatria do chefe" que o anónimo refere no seu comentário. Entretanto vou relembrando que esse é um fenómeno característico dos totalitarismos do século XX, em Itália, Alemanha, URSS, China, Coreia do Norte, Espanha, Cuba, Portugal. No nosso país verificou-se isso que dá também pelo nome de "culto da personalidade", não em monarquia, mas durante a 2ª República.

Pedro Leite Ribeiro disse...

Obrigado, Mié, pelas visitas e comentários. Beijos e abraços.

Pedro Leite Ribeiro disse...

Lopes: deixa-me intrigado. Que ódio o moverá contra as pessoas de D. Carlos e do jovem Príncipe Herdeiro, para dar o seu apoio a um assassino frio e calculista, cujo acto repugnante só trouxe a Portugal atraso e miséria?

Anónimo disse...

Nenhum ódio, senhor meu:não sou capaz de tais sentimentos. Só que a História é feita, muitas vezes, por cima de cadáveres. Que me diz dos que mataram, de modo frio, calculista e repugnante Sadam Hussein, Ceausescu ou os Távoras? Quanto ao atraso e à miséria, salvo melhor opinião, o regime que veio a seguir não os trouxe: já cá estavam e agravavam-se com o apodrecimento do regime. É certo que a República não os resolveu, mas, pelo menos, ficamos com o direito de escolher quem nos governa.

Pedro Leite Ribeiro disse...

Lopes: Leio demasiadas imprecisões nas suas palavras. Meter no mesmo saco de Saddam e Ceausescu a inocente família dos Távoras é, mais que imprecisão, confusão e desvario. Considerar que escolhe quem nos governa referindo-se à figura não governante do Chefe de Estado, é outra. A democracia em Portugal, datando de 1822, não é uma invenção da República.

Anónimo disse...

Desvario? Ser a favor da soberania do povo, dando-lhe o poder de escolher quem o governa é desvario? Democracia, aquela do Senhor D. Carlos? Não foi ele que escolheu seguir pela via da ditadura, passando por cima do Parlamento? Democracia, a de João Franco, que promete governar o país à inglesa, mas que o dirige à turca? Desvario, o meu?

Acredite que não sou a favor da violência. O assassinato repugna-me, tenha ele que motivações tiver. Mas não tenho por costume procurar explicar o passado à luz da mentalidade, dos princípios e dos preconceitos de hoje.

Tem razão: não faz sentido, à luz da História, meter o assassinato de Sadam no mesmo saco do de D. Carlos. É claro que ambos foram frios, calculistas e repugnantes. Só que, por terem sido concretizados em tempos e contextos histórico e mentais completamente diferentes, não podem ser avaliados segundo a mesma escala de valores.

Pedro Leite Ribeiro disse...

9 meses de ditadura de João Franco! A República deu-nos "um pouco mais"... Quanto a primeiros ministros prepotentes, temos andado bem servidos.

Anónimo disse...

Não direi que não. Mas notarei que a prepotência, em tempo de monarquia, está longe, muito longe, de se confinar ao consulado de João Franco. Portanto, também aí andamos muito bem servidos e durante muito mais tempo.

Pedro Leite Ribeiro disse...

Talvez tenhamos que procurar a raiz do problema noutro lado. Byron afirmou que "os portugueses são uma raça de escravos". Teria ele razão? E não teremos assumido de vez essa qualidade, em Outubro de 1910, quando abdicámos da História e da independência do mais alto magistrado da Nação, deixando de ser Portugal para nos tornarmos República Portuguesa?

Anónimo disse...

Independência do mais alto magistrado da Nação? Não é isso que temos agora? Respeito a sua fé na Monarquia, mas estou convencido de que, com todos os seus defeitos, a República é bem mais virtuosa. A começar pela independência do mais alto magistrado da Nação, que o é, não por emanação divina, mas porque a Nação (que, podendo escolher bem ou mal, tem o direito de escolher) o escolheu. Prefiro, mil vezes, um Aníbal em quem não votei, do que um Duarte em quem ninguém votou e cujo único mérito é ser filho de quem é.

Creio bem que, se algum dia os portugueses foram algo de parecido com o qualificativo que Byron lhes aplicou, isso só poderia ter acontecido no Portugal que ele conheceu. O da Monarquia, claro. E que, se algum dia o deixaram verdadeiramente de ser, foi quando deixaram de dever obediência a um senhor que o era por direito hereditário.

Pedro Leite Ribeiro disse...

Ora, Lopes: Como pode considerar independente uma pessoa que pertence a um partido? O actual presidente é PSD, o anterior era PS e por aí adiante até encontrar os presidentes nomeados pelo Salazar. Logo que ganham as eleições ( sempre com uma imensa minoria, já que cada vez menos pessoas lhes dão alguma importância), a primeira coisa que todos dizem é: "Vou ser o presidente de todos os portugueses", para tentar iludir a verdade que reside simplesmente no facto de serem partidários e terem sido eleitos pelos partidos a que pertencem. Antes de concorrerem às eleições anulam a inscrição no partido como se isso apagasse a sua simpatia partidária. É como se o Lopes fosse sócio de algum clube e decidisse deixar de o ser, devolvendo o cartão. As suas simpatias clubísticas mudariam de direcção? Não creio!
A emanação divina de que fala, remete para os tempos do despotismo dos séculos XVII e XVIII. Coisa datada, portanto. No entanto, deixe-me acrescentar que, na Idade Média, o poder divino dos reis era-lhes conferido pelo Povo e não, como viria a acontecer na época moderna, directamente por Deus. Relembro que estamos a falar de tempos anteriores ao Liberalismo e tudo tem o seu tempo, não é verdade?
Quanto ao facto de achar errado o facto de um chefe de estado ser preparado desde tenra idade para o cargo, é uma opinião exclusivamente sua. Antes isso do que não ter preparação alguma como acontece presentemente com os presidentes.
Um símbolo da nação, e factor de unidade da mesma, deve ter um tempo de vida dependente apenas dos condicionalismos naturais e não das picardias partidárias. Não deve durar 4 anos renováveis por mais 4, mas um tempo de vida útil e activa. E é aqui que a referida idolatria do chefe referida por anónimo noutro comentário perde consistência: nunca nenhum monarca português foi idolatrado. Quando muito, acarinhado pelo povo que o viu nascer e acompanhou o seu crescimento como se de um membro da sua própria família se tratasse.
Bom carnaval, Lopes, e obrigado pelos comentários. Talvez os copie e publique em postagem. Acha bem?

Anónimo disse...

Ora, ora, meu caro, desde quando não pertencer a um partido é atestado de independência? Posso dar-lhe muitos exemplos de pessoas que não pertencem ou não pertenceram a nenhum partido e que foram tudo menos independentes. Para não ir mais longe, dou-lhe um exemplo de hoje: Maria de Lurdes Rodrigues, sinistra ministra, diz-lhe alguma coisa? Consta que é independente. Mas, também para não ir mais longe, posso-lhe dar o exemplo de D. Carlos, o próprio. Independente? É ver o que se dispunha fazer com um dos últimos decretos (se não erro, foi mesmo o último) que assinou, que permitiria condenar sumariamente ao degredo para tão longe como a Ásia os opositores ao regime de que era a primeira figura. Será independente quem assim se propõe tratar quem perfilha ideias diferentes das que são aceites de um dos lados da barricada da luta política? Tendo a acreditar que concordará comigo, quando digo que não foi lá grande democrata, o senhor D. Carlos não obstante os seus muitos méritos, que os tinha. Porque, se o fosse e tivesse contribuído para que Portugal se livrasse de um rotativismo cada vez mais ancilosado e corrupto, transformando-se numa democracia (não foi por falta de tempo que não o fez), se calhar a história de Portugal ao longo do século XX teria sido um pouco diferente. Hoje, parece-me demasiado tardia e fora de tempo a discussão sobre a questão do regime em Portugal. Inês é morta e enterrada, meu caro.

(Nada tenho a obstar a que utilize o que aqui deixei como entender. Esteja à vontade, embora isto pouco valha). Eu só aqui vim deixar uma provocação, deixando um grito subversivo que algumas vezes se escutava em manifestações de apoio ao filho do Manholas: algumas vezes, no meio de vivas a Salazar, lá se escutava, vindo não se sabe de um “Viva o Buiça!” cheio de segundas intenções…).

Anónimo disse...

Ora, ora, meu caro, desde quando não pertencer a um partido é atestado de independência? Posso dar-lhe muitos exemplos de pessoas que não pertencem ou não pertenceram a nenhum partido e que foram tudo menos independentes. Para não ir mais longe, dou-lhe um exemplo de hoje: Maria de Lurdes Rodrigues, sinistra ministra, diz-lhe alguma coisa? Consta que é independente. Mas, também para não ir mais longe, posso-lhe dar o exemplo de D. Carlos, o próprio. Independente? É ver o que se dispunha fazer com um dos últimos decretos (se não erro, foi mesmo o último) que assinou, que permitiria condenar sumariamente ao degredo para tão longe como a Ásia os opositores ao regime de que era a primeira figura. Será independente quem assim se propõe tratar quem perfilha ideias diferentes das que são aceites de um dos lados da barricada da luta política? Tendo a acreditar que concordará comigo, quando digo que não foi lá grande democrata, o senhor D. Carlos não obstante os seus muitos méritos, que os tinha. Porque, se o fosse e tivesse contribuído para que Portugal se livrasse de um rotativismo cada vez mais ancilosado e corrupto, transformando-se numa democracia (não foi por falta de tempo que não o fez), se calhar a história de Portugal ao longo do século XX teria sido um pouco diferente. Hoje, parece-me demasiado tardia e fora de tempo a discussão sobre a questão do regime em Portugal. Inês é morta e enterrada, meu caro.

(Nada tenho a obstar a que utilize o que aqui deixei como entender. Esteja à vontade, embora isto pouco valha). Eu só aqui vim deixar uma provocação, deixando um grito subversivo que algumas vezes se escutava em manifestações de apoio ao filho do Manholas: algumas vezes, no meio de vivas a Salazar, lá se escutava, vindo não se sabe de um “Viva o Buiça!” cheio de segundas intenções…).

Anónimo disse...

(isso aí acima saiu a dobrar, mas foi sem intenção...)

Pedro Leite Ribeiro disse...

Se lhe parece que o regicídio e o golpe de 5 de Outubro foram manifestações de algum espírito democrático, estará no seu direito de assim o entender. Além disso, pergunto se, por todo o lado e em todos os países, quando é o próprio regime político que se encontra sob ameaça, se não são naturais e legítimas as medidas de reforço do poder consideradas necessárias para garantir o bem estar dos cidadãos (muitas vezes, o dos poderosos), desde que temporárias, apenas enquanto durar a ameaça.
Pergunto-me também onde está a legitimidade de um regime que foi instituido à força, isto é, sem recurso a consulta popular. A república foi aceite pelo humilde e indefeso povo português depois de ter sido dada como um facto consumado. Mesmo assim, as medidas de repressão dos novos republicanos no poder, esses que se auto-proclamavam verdadeiros democratas, foram de tal modo graves que obrigaram muitos portugueses ao silêncio forçado e a procurarem esconderijo. A casa dos meus bisavós abrigou, nesses tempos áureos da democracia e da liberdade republicanas, um pobre padre cujo único pecado foi ter seguido a sua fé. Dar um viva ao Rei era, também nessa maravilhosa democracia, assinar a sua própria sentença de morte. Qualquer semelhança com o PREC não é pura coincidência; é a selvajaria à solta. Simplesmente, o PREC durou menos tempo que os miseráveis 16 anos da 1ª República.

Pedro Leite Ribeiro disse...

Quanto ao rotativismo corrupto que refere, Lopes, proponho-lhe olhar bem para a nossa política actual e tentar encontrar as diferenças.

Anónimo disse...

Eu cá não sou cultor da casuística. Para mim, a perseguição por motivos políticos não é justificável se feita em terreno da República, e abominável se se faz sob o manto da Monarquia. Cometeram-se crimes, abusos e perseguições a pretexto da defesa da República, como se cometeram em defesa da Monarquia. Em ambos os casos vejo crimes, abuso e perseguições e não medidas do reforço do poder “naturais e legítimas”. Estimo, antes de mais a liberdade. A repressão, por motivos políticos, merece o meu profundo desprezo, independentemente da natureza dos regimes políticos. O facto de preferir a República à Monarquia não resulta de me identificar com o modo como Portugal é governado no momento presente. Longe disso. Agora em República, como outrora em Monarquia, temos sido, em geral, muito mal governados. Mas não será um tal Sócrates que me fará preferir ser súbdito de sua majestade a cidadão do meu país. Bem pelo contrário.

Pedro Leite Ribeiro disse...

Noto que no que respeita a perseguição por motivos políticos o Lopes tem um só peso mas medidas diferentes consoante se trate de monarquia ou república. Caso ainda não tenha reparado, no país vizinho, que em nada fica a dever ao nosso em termos de cidadania, modernidade e desenvolvimento, vigora um regime monárquico. A Espanha junta-se um grupo de monarquias europeias às quais se podem aplicar os epítetos que usei para o primeiro: Noruega, Suécia, Dinamarca, Países Baixos, Bélgica, Reino Unido, Luxemburgo. Tenho pena que, não por acaso, circulem certos mitos em Portugal acerca da Monarquia, cujo único objectivo consiste no denegrimento desta instituição com a qual o nosso país nasceu (e morreu?). Lamento ainda que se continue a usar o grande argumento republicano de que a república veio para ficar e a monarquia pertence definitivamente ao passado. Desde o início que foi assim, daí a mudança de símbolos tão importantes como o hino, a bandeira, a moeda e a escrita. Talvez as coisas ainda venham a mudar. Recordo que, em 1974, ninguém em Espanha esperava o regresso do Rei. Hoje é querido e respeitado pela maioria.

Anónimo disse...

Se ler com atenção o que já vai aí acima, não terá dificuldade em reconhecer que são, mais do que os meus, os seus pesos e as suas medidas que pesam diferente conforme as balanças.

Pelos vistos, o amigo vive na saudade de um país que já morreu (e até tem consciência disso). O meu país, combalido embora, está vivo. E, com todos os seus defeitos, é para cá que quero voltar sempre que estou fora e a saudade bate. A bandeira não é lá muito bonita, mas, às vezes, enche-me de orgulho vê-la subir no mastro. O hino tem uma letra incrível, mas é com ele que eu, quando calha, me emociono. O meu país é pobre, atrasado e mal governado (já o era no tempo da Monarquia, reconheça), mas não tenho vergonha de ser português. Nem vontade de ser espanhol.

Pedro Leite Ribeiro disse...

Não fui eu que disse "a perseguição por motivos políticos não é justificável se feita em terreno da República, e abominável se se faz sob o manto da Monarquia", mas o Lopes. Portanto, se falo em pesos e medidas diferentes, é com base em palavras suas. Quanto ao resto, são as suas opiniões subjectivas sobre a beleza da bandeira ou a letra do hino e as saudades da Pátria o que prevalece. Também tenho as minhas coisas, mas parece-me que não são para aqui chamadas. Congratulo-me, no entanto, em saber que o Lopes não perfila nas opiniões ibericistas do El Zaramajo, quer dizer, José Saramago.
Obrigado por ter criado esta oportunidade de debater algumas ideias. A democracia é feita disto, não?

Anónimo disse...

Meu caro, percebeu-me mal. Quando eu digo:

"Para mim, a perseguição por motivos políticos não é justificável se feita em terreno da República, e abominável se se faz sob o manto da Monarquia."

Quero dizer que, para mim, independentemente do regime, a a perseguição por motivos políticos nunca é justificável e é sempre abominável. Seja ela obra de monárquicos ou de republicanos. Não sou, pois, adepto dos tais dois pesos e duas medidas. Acredito que o meu amigo também o não seja, embora pelo que já aqui escreveu, possa parecer o contrário, quando fala em "naturais e legítimas medidas de reforço do poder", a propósito da perseguição aos republicanos em tempo da Monarquia.

Quanto ao mais, creio que estamos de acordo. Mais importante do que a natureza do regime, o que importa é que ele seja plenamente democrático. O que em Portugal ainda não se alcançou, em tempo nenhum.

Até sempre.

Nuno Castelo-Branco disse...

Em 1910, a Europa atrasou-se em Portugal. Está atrasada 98 anos.