18 de fevereiro de 2008

Kosovo


Tenho a certeza de que muitos olhos e ouvidos em todo o mundo têm estado muito atentos, não aos acontecimentos no Kosovo e na Sérvia, mas às reacções dos outros países à declaração unilateral de independência. E tenho a impressão que estes atentos olhos e ouvidos se encontram, na sua maioria, nas regiões com história de lutas separatistas. O governo espanhol, sabendo o que tem entre-muros, foi prudente e declarou de imediato o seu não reconhecimento do auto-proclamado novo Estado. Outros países parecem não querer seguir o exemplo de Espanha, como se tentassem iludir os nacionalismos que os têm corroído durante anos. O Kosovo é pequeno como a Irlanda do Norte, o País Basco, a Flandres, a Córsega e a Madeira. O Kosovo é pobre, sem possibilidade de sobreviver economicamente sem ajuda. A uma independência política, seguir-se-á uma profunda dependência económica. Prepara-se no leste europeu mais um Estado não-oficial dos Estados Unidos da América. A troco de dólares, deixar-se-ão administrar pelos americanos que ficarão assim completamente à vontade para instalarem no pequeno território tudo o que quiserem, desde patriots a prisões secretas com serviço de McDonald's às cantinas.
Não fosse a referência às guerras mundiais feita durante a declaração que acompanhou o reconhecimento da independência do Kosovo pelos EUA, e ficaríamos com a impressão que a humanidade se esquece facilmente da sua História. Há 100 anos atrás, as coisas não estavam muito diferentes do que estão agora e faltavam seis anos apenas para, nessa mesma região dos Balcãs, se dar início a uma guerra que tirou a vida a 8 milhões de europeus e deixou 6 milhões de inválidos. A Rússia, que recentemente ameaçou a Ucrânia com os seus mísseis, terá mais um alvo agora. No gigante euro-asiático vão-se traçando cenários apocalípticos.

2 comentários:

Anónimo disse...

A Europa é assim. Quem manda é o boss.

Ora se proibem burkas na Holanda e mesquitas na Austria ora se promovem muçulmanos e traficantes de droga a guerrilheiros de libertação nacional culminando agora com o pomposo cargo de 1.º ministro. Em espírito de missão obviamente.

Nuno Castelo-Branco disse...

Passando a outro ponto de interesse, o importante é o que se passará aqui mesmo ao lado. É que o precedente foi criado e não me parece seja uma boa política, o facto de Portugal seguir por arrasto, a posição da maioria dos países da UE. Não. Interessa-nos uma Espanha estável, unida e com instituições sólidas. Por isso, que se sacrifique o politicamente correcto e que vingue a "realpolitik". nada de reconhecimento. basta não fazer qualquer declaração. O "NIM" serve perfeitamente.