23 de março de 2008

Um, dois, casulo, esquerda, direita, maionese



Pelo notório Bruno Mota em Milliways Lounge
Fotografia de PHOTOGRAFOS

5 comentários:

|3run0 disse...

Pedro, obrigado pela citação! Este texto é fruto de minha exasperação com o nível subterrâneo de alguns dos debates no blog do Pedro Dória (quando o assunto é Israel/Palestina então, temos uma verdadeira viagem ao centro da Terra). Tem muita gente precisando sair do casulo...

Pedro Leite Ribeiro disse...

Bem, aqui em Portugal parece que voltámos aos tempos do pós-25 de Abril: anda tudo a chamar-se fascista e comunista, uns aos outros, começando pelos governantes. Que atraso de vida, Nossa Senhora do Sameiro!
Esse post acerta em cheio em muita intelecto conceituado que, na verdade, nunca chega a ultrapassar a fase larvar.

Xarroque disse...

Sabemos que o mundo é um lugar complicado. Sabemos que a divisão do mundo em direita e esquerda é redutora. Contudo, não penso que seja simplista, alguém defender uma posição que considera correcta. É necessária coragem e firmeza. Por vezes, o que me parece é que, qualquer pessoa que se pensa em si próprio como evoluído intelectualmente, toma como premissa para a sua acção no mundo, o ser moderado, ter bom senso, entender que o mundo não é preto nem branco, e tomar partido de coisa nenhuma. Aliás, esta é a premissa de qualquer homem civilizado do séc. XXI. Achar que o mundo é demasiado complexo para seguir qualquer ideologia, politica, religiosa, ou o que seja, e assim, preferir acreditar em nada e seguir com a "vidinha". Quanto a mim, o que nos faz de direita ou esquerda não é aquilo que escrevemos ou dizemos, mas sim, como nos comportamos no dia-a-dia. É o trabalho que realizamos para ganhar o pão, aquilo que comemos, como gastamos o nosso dinheiro, como usamos o tempo livre, como educamos os nossos filhos, etc.

Pedro Leite Ribeiro disse...

Acho que toda a gente se acha evoluída intelectualmente, principalmente os mais novos. Creio que a divisão das pessoas em direita e esquerda é artificial e desactualizada. Conheço pessoas muito inteligentes que não consideram nenhuma das premissas que enuncia. Não ter ideologia não é sinónimo de ser niilista ou conformado. Pergunto: onde está a diferença entre o ganha-pão de um esquerdista e o de um direitista? Como usa o seu tempo livre cada um desses supostos géneros de pessoas? O que come cada um deles, etc.?

Xarroque disse...

Concordo consigo. De facto, a divisão entre esquerda e direita nos dias de hoje está desactualizada. Vivemos neste tal mundo pós-ideológico, o tal do bom senso, da moderação e do receio ao "extremismo", no fundo, o mundo "centrista". O mundo "centrista" é responsável pela homogeneização de opiniões e comportamentos, não transforma o indivíduo, nenhuma decisão importante ao nível pessoal terá de ser tomada, resta-nos apenas, opinar sobre aquilo que vemos na televisão. Se somos a favor ou contra a guerra do Iraque, se concordamos com o partido A ou B, o que pensamos sobre a actuação do governo, etc. Estimula a nossa intelectualidade e nada mais!

Quanto ao comentário anterior, vejamos alguns exemplos de contradições entre aquilo que se prega e aquilo que se faz:

Contradições de uma pessoa de direita conservadora:

-prega a tradição familiar, mas no tempo livre é frequentador de bordéis (Spitzer).
-acredita nos benefícios do mercado neoliberal, mas é o primeiro a ir para a rua manifestar-se quando perde o emprego por deslocalização da sua empresa.
-prega o direito à vida, mas leva a esposa a abortar.


Contradições de uma pessoa de esquerda "extremista" (que palavra feia):
-prega que o capitalismo é responsável pelos males do mundo, mas trabalha para uma multinacional.
-prega que a industrialização da comida é responsável pelo sofrimento dos animais, mas come no McDonalds.
- Prega que devemos consumir apenas o necessário para viver com dignidade, mas possui um Mercedez SLK.

Abraços.