11 de fevereiro de 2006

Para que possas vislumbrar a minha alma



Especialmente no Natal,
na Noite de Consoada,
sou uma criança.
A criança mais famosa do mundo,
mas não essa em que provavelmente estás a pensar.
Vês-me todos os dias na televisão.
Por causa da fome,
da cólera,
da sida
ou até da deflagração de uma mina,
a minha vida é muito efémera.
O meu corpo é raquítico e esquelético,
a minha barriga inchada da subnutrição.
Os meus olhos são grandes
para que possas vislumbrar a minha alma.
Porque é que tu cerras os teus?

Carvalhinho do Lago


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