23 de abril de 2006

Oxidado

Poderia o Cidadão Miguel Castelo-Branco ter ido ainda mais longe do que foi, quando, para "provar" que a Revolução de 25 de Abril não valeu a pena, se serviu da comparação entre o estado do País em 24 de Abril de 1974 e 24 de Novembro de 1975. Porque não comparar o estado da Nação em 1494, ano imediatamente anterior à morte de D. João II, com o tal 24 de Novembro de 75? Ou 24 de Abril de 1974 com 24 de Junho de 1847, durante a guerra civil da Patuleia? Revoluções são revoluções e não se pode esperar que um país mostre progresso e estabilidade em pleno período revolucionário. Já estamos em 2006 e muito aconteceu desde 1974. As coisas estão diferentes e só os tolos e os senis perdem todo o seu tempo a relembrar com nostalgia os tempos "gloriosos" do passado. Há tanto, no presente, para estar atento e muito a fazer... De qualquer maneira, deixa-se aqui, material mais do que suficiente para demonstrar o erro do Cidadão Miguel Castelo-Branco. Mais informação em http://www.ine.pt/.

Pode visualizar-se melhor os gráficos clicando sobre eles para os ampliar.

3 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado pela atenção de me informar, por email, do texto-réplica a propósito do tema em epígrafe. Como pode depreender, não sou senil, nem nostálgico nem reducionista. Não se podem comparar épocas, mas pode-se, com toda a certeza, recorrer à prospectiva e ao comparatismo para aferir onde estaríamos se a revolução não tivesse eclodido. Também - e lembro que estou a argumentar sem ligeireza - podemos comparar a evolução subsequente da sociedade portuguesa com outros países que passaram por processos de transição não violentos (Grécia, espanha, Chile, etc). Aí, não houve involução económica, fuga de quadros e capitais, destruição do Estado, êxodo,preses políticos e censura como cá. Em suma, as revoluções são (sempre) factores de imobilização. Muito do que estamos a sofrer hoje deve-se àqueles dez anos de prostração que se seguiram à revolução.

Pedro Leite Ribeiro disse...

Tenho, em primeiro lugar, que confessar a minha surpresa em encontrar aqui um comentário seu, já que essa possibilidade está vedada aos visitantes do combustões (mas pensando melhor até nem será assim tão surpreendente)! Em segundo, que penso que a ficção histórica, se bem conduzida, pode ser apaixonante. Tudo parte de um "se". Mas a verdade é que a História é imutável dada a sua própria condição de facto consumado. Só as leituras mudam consoante muitas e diferentes condicionantes, das quais, não é uma menor a subjectividade do próprio historiador. Mas os factos continuarão a sê-lo, eternamente, mesmo que esquecidos. Será relevante colocarmo-nos questões do tipo "como seria o mundo hoje se não tivesse acontecido a Revolução Francesa ou se a Alemanha tivesse saído vencedora da II Guerra?" Inconsequentes exercícios de criatividade apimentada com mais ou menos imaginação. A verdade é que, o nosso mundo é assim hoje também porque houve uma Revolução Francesa e a Alemanha foi vencida. E é verdade: a Revolução Francesa deu-se porque havia uma burguesia forte e rica a conduzi-la, não foi o regime que pacificamente cedeu adaptando-se aos novos tempos. Quem, em Portugal, teve ainda o tempo histórico (1968 a 74) e a posição (talvez) para reformar as coisas, não o fez. Não era de esperar outra coisa a não ser a explosão do barril de pólvora.
Por fim: proponho-lhe considerar a possibilidade de permitir comentários às suas publicações. Creio que o combustões se poderia vir a tornar num blog concorrido e polémico. Amanhã é um bom dia para começar...

Anónimo disse...

Agradecido pela resposta, mas tive-o em acesso e fui atacadíssimo. Sabe, há muita gente que só reclama a liberdade para estropiar e aviltar essa liberdade que lhes garante direito à voz. Como tenho dias preenchidos e só dedico à blogosfera uns minutos, não quero, decididamente, dar-lhes exisatência. Aí, esteja certo, comungo consigo.