O país dos 3 efes existe ainda na ponta mais ocidental da Europa. Sexta-feira passada, a TVE passou um documentário de 45 minutos sobre Portugal, traçando a negro o retrato do país "mais desigual da Europa, onde 20 por cento da população roça a pobreza" e no qual a população vive "com a auto-estima mais baixa da UE a 25", num clima de "depressão e desânimo", mas "sereno, educado, por vezes lento, que luta à sua maneira para sair da crise. Das várias crises".
As cadeias de televisão portuguesas, estatal e privadas, abrem com o Sporting x Porto ou os discursos do primeiro-ministro. Porquê, é bom de ver: o governo ainda não hostilizou os meios de comunicação social retirando-lhes quaisquer privilégios, tal como tem vindo a fazer em quase todos os outros sectores profissionais da sociedade portuguesa. Nem o fará, tampouco, mostrando o respeito que tem pelo 4.º poder e reconhecendo a capacidade que este possui de fazer e desfazer governos. A lembrar o tempo em que, para se ter notícias da guerra colonial, se tinha que sintonizar em segredo a BBC em onda-curta. Hoje em dia temos que ligar a TVE e a ver vamos se, num futuro próximo, não terá que ser também em segredo.
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