14 de outubro de 2006

Lapidação no Irão (*)


Lapidação no Irão



Um pouco à imagem do que era o homem europeu na Idade Média, os iranianos, tal como outros povos islâmicos, são seres profundamente religiosos. Deus, para eles, é algo de concreto, sempre presente, quase palpável. Todos os dias, às horas certas, as orações são entoadas em Sua direcção, transportando todo o género de pedidos de ajuda, de promessas e de arrependimentos. É tão forte esta fé que mais nenhuma é aceitável, nem sequer eventuais maneiras diferentes de a exprimir. Os iranianos, tal como outros povos islâmicos, são suficientemente crentes para odiar e matar, mas não o suficiente para amar e perdoar. Suficientemente crentes para oprimir, mas não para libertar. Recentemente, Bassam Tibi, natural de Damasco e Professor de Relações Internacionais da Universidade de Göttingen, na Alemanha, apresentou uma tese onde defende a ideia de que o Fundamentalismo Islâmico é o Terceiro Totalitarismo ("Der neue Totalitarismus - Heiliger Krieg und westliche Sicherheit", 2004). E ele, melhor que nós, tem condições naturais para saber o que diz, dada a sua origem sunita. Estamos, por isso, face a uma ameaça concreta à democracia e à liberdade que tanto prezamos. Estamos mesmo face a uma ameaça à nossa civilização tal como a conhecemos, prenhe de contradições mas em constante processo evolutivo em virtude da dinâmica das suas instituições, permitida e impulsionada pelo confronto de opiniões e debate de ideias.
Parisa
Iran
Khayrieh
Shamameh
Ghorbani (conhecida também como Malek)
Kobra Najjar (44 anos)
Soghra Mola'i
Fatemeh
Sete mulheres iranianas, presas, sabe-se lá em que condições, e condenadas à morte por lapidação, pelo crime de adultério. Outras o têm sido noutros países muçulmanos como a Nigéria. Uma ou outra se têm salvo graças aos pedidos de milhares de pessoas que conseguem fazer chegar os seus apelos aos governos destes países através da Amnistia Internacional. É inútil tentar colocarmo-nos na situação destas mulheres. É doloroso e de nada adianta. Mas, se nos imaginarmos a assistir à aplicação da pena — nestes países isto é um espectáculo de entrada livre — podemos também, aqueles que de entre nós acreditam num Deus intervencionista, perguntarmo-nos de que lado é que Ele está, ou se, simplesmente anda a dormir, ou ainda, tal como muitos judeus fizeram durante a sua permanência nos campos de concentração nazis, se não terá, há muito, morrido.
Clique na imagem e vá ao sítio da Amnistia Internacional, Secção Espanhola, colocar a sua assinatura!
(*): No dicionário em linha Priberam, lapidação é tida como algo do passado: "suplício que consistia em apedrejar o criminoso". Vamos dar uma ajuda ao dicionário e fazer com que o tempo verbal que usam seja o correcto.

2 comentários:

Anónimo disse...

pedrinho 1 grande abraço
manueleite

Anónimo disse...

Oi, Manelinho! Há quanto tempo não tinha sinais de ti! (À excepção do teu fantástico "Olha! Apetece-me!", claro!)
Abração!