19 de outubro de 2006

Luto

Deusa pagã de encanto e de fascínio
sublimaste na minha vida
caprichosa
os signos

Impiedosa e crua
como divindade antiga
sacrificaste neste milagre
o sentido e toda a magia

Monge do amor devoto
apago na minha alma
em ritual herético vão
o sulco da tua passagem

As outrora floridas aras elevam
estéreis agora
ao vazio breu sem anjos
uma súplica desesperada

Em revolta surda
contra Deus pergunto de novo
se é só esta negra treva a graça que me doa

E renasce a ancestral paixão
gótica veste
foice içada
anciã cadavérica descarnada
atraente doce libertação


Carvalhinho do Lago, Góticas

Albrecht Dürer - O Cavaleiro, A Morte e o Diabo (1513)

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