Últimos dias de 1973, Braga. A plateia do Theatro Circo quase esgotada. Do palco as palavras saíam cuidadosas no receio de que os previamente estudados segundos sentidos, entrelinhas e mensagens camufladas, pudessem surgir, ou ininteligíveis, ou demasiado ostensivos. Pelas cadeiras corria, em silêncio, um abaixo-assinado pela libertação dos presos políticos no Chile. Tal como todos os outros, escrevi a medo o meu nome. Sentíamos o absurdo de pedir para longínquos estrangeiros d' além-mar o que não podíamos para os nossos compatriotas.
Subitamente, a polícia entra em cena. Os mais graduados, claro, que a coisa era importante! O Prof. Doutor Victor Sá, o Dr. Soeiro e todos os outros cujo nome nesta já grande distância não recordo, silenciados e detidos. Tudo isto no meio de inédita, estrondosa pateada!
8 de novembro de 2006
Theatro Circo (IV)
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7 comentários:
Ao ler o que escreveste foi como se também eu estivesse lá. Fabuloso!
A sério, tati? Que bom! Obrigado!
E os presos políticos da Argentina... Do Uruguai... Do Brasil...
Ditadura é toda ela igual e o mais estranho é que nos calamos pelo nosso prórpio sofrimento e enviamos sinais de solidariedade aos que sofrem como nós, pelo regime ditatorial...
Em 1973, não era diferente por essa lados da grande lâmina...
Bom final de semana!!!
Cris
Comcordo, ditadura é igual em todo o lugar, sensura também. Sobre este tema Portugal pode dar lição.Mas aqui também não gostam que se discorde....Corre-se o risco de ir parar á guilhotina... É pena, Todos nós somos artistas, cada um com sua arte, e por aqui aparece gente que se julgam Deus, e acima dele. Não podem ser criticados... Ana
Sim, há gente dessa! Costuma ter pés de barro...
Percorra os blogs, e veja essa própria cris, quando criticada,corre a fazer queixinhas ao antomior e outros quando criticados espalham veneno por todos os poros. Não estão acima de deus que também ele foi criticado. Cospem Vodka , e o resultado é que correm o dicionário em busca de adjectivos pouco próprios para premiar quem discordar deles, chegando ai ponto de uma pessoa que conheci daqui ser apelidada de hidra, de belzebu, o capeta, o diabo, o próprio. porque ela se atrevu a dizer que: uma pedra será sempre uma pedra, isto é uma verdade irredutível.Há depois pessoas que não leram, não sabem do que se trata mas apressaram-se a dizer AMEN,Onde andará a nossa tão falada liberdade de expressão.Até uma tal de girassol puxou do seu vocabulário escatológico, ou melhor, de merda, para achar que alguem estarioa aqui para acabar com o seu "GRANDE AMOR" como se fosse possivél acabar com o que não existe!!! Com quantas águas terá sido regada esta flor de biscui? fica a pergunta..Ana
Quero só deixar uma palavra amiga, boa viagem pra gataborralheira que está viajando pra cuba onde vai descansar alguns dias. na volta espero poder conhecer pessoalmente já que vai fazer escala de prpósito aqui no funchal. Quanto a marazul nunca falei directamente, mas achei sua defesa justa. Aos dois um abraço.da Ana
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