23 de janeiro de 2007

Prós sem Contras

Fátima Campos Ferreira
Assisti ontem à noite, a espaços, ao programa Prós e Contras e, de tanta e tão flagrante parcialidade da apresentadora, coadjuvada por uma assistência a soldo, fiquei com a certeza de que, caso eu tivesse antecipadamente tomado partido pela causa do sargento preso, logo mudaria de lado após assistir a este exemplar programa de desinformação. Vi um homem sozinho, o advogado do pai biológico, Baltazar se não erro, a debater-se contra as constantes interrupções provocadas pela animosidade da apresentadora e pelas gargalhadas boçais da assistência, para defender a posição de um pai que luta pelo direito de reaver a filha, direito que lhe tem sido sonegado ao longo do tempo pelo homem que agora se encontra preso e pela mulher que anda a monte arrastando a criança. Vi a defesa acérrima do afecto do sargento pela criança sem ninguém se perguntar por que razão é que um amor tão grande nega a esta última o direito de conhecer o pai. Não vi uma alma que se lembrasse de querer saber a razão da mãe em não ter esperado para entregar clandestinamente a filha a um casal de desconhecidos, mesmo sabendo que o pai aguardava a qualquer momento o resultado da análise ao ADN. Ninguém se perguntou até onde vai o amor de uma mãe que renega lutar pela filha, delegando em estranhos o papel que era o seu. Não vi, por fim, uma só tentativa de estimar o egoísmo de todos os intervenientes adultos nesta história. O que vejo eu: a sociedade portuguesa, alegadamente representada pelos órgãos de comunicação social e encabeçada por algumas das suas figuras proeminentes, apostada em perturbar a acção da justiça, apoiando o sequestrador, opondo-se ao legítimo pai, envolvida numa história que considera ser suficientemente romântica para, pelo menos por algum tempo, substituír o aborrecido enredo das telenovelas.

3 comentários:

Anónimo disse...

Já me tinha apercebido, aquando da presença da Ministra da Educação neste programa, do quanto pode ser manipuladora a informação prestada pelo serviço público televisivo.

É lamentável que o canal do estado tolere este tipo de atitudes.

A Doutora Fátima deveria deixar-se de protagonismos e rever o seu desempenho como moderadora do debate no verdadeiro significado e extensão desta palavra.

Muito mal vai o jornalismo no nosso país.

Pedro Leite Ribeiro disse...

Ou então assumir de vez que o papel dela no programa não é o de moderadora mas de fazedora de opiniões. Talvez até de agente do Ministério da Propaganda (como pareceu na entrevista à Ministra Lurdes Rodrigues) que todos os governos gostariam de ter, não fosse a conotação com regimes ditatoriais.
;)

Anónimo disse...

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