Para um executivo cansado e vazio de ideias como o da Câmara de Braga, a ideia de fazer regressar os eléctricos à cidade, propalada por Pedro Morgado do Avenida Central, caiu que nem ginjas. O mesmo se pode aplicar à triste oposição com assento na Assembleia Municipal, cuja campanha para as últimas autárquicas praticamente se limitou a um confrangedor debate sobre o que hoje é uma pobre ciclovia. No entanto, nem sequer é uma boa ideia: se for um eléctrico de superfície, paralisará o já caótico trânsito rodoviário; se se tratar de um eléctrico com linhas aéreas, terá consequências desastrosas para a já tão sacrificada paisagem urbana bracarense.
Por outro lado, não podemos descurar o facto de que, se a energia hidroeléctrica se insere na categoria das energias renováveis, é também daquelas que possuem impactos ambientais mais negativos, imediatamente a seguir às nuclear, petrolífera e carbonífera. Soma negativamente a isto, o facto de Portugal ser um país importador de electricidade. Não compreendo assim que, numa altura em que se fazem constantes apelos à poupança desta energia nos nossos lares, devido ao impacto negativo, quer no equilíbrio ecológico, quer na balança de pagamentos, se discutam e defendam maneiras de aumentar o seu consumo.
A questão do trânsito colocou-se em 1963, quando a Câmara Bracarense trocou, cedendo à vontade e ao apoio financeiro do Governo, os eléctricos por troleicarros, mais silenciosos e mais manobráveis. Já nesses inícios dos sessenta o sistema de eléctricos estava obsoleto, numa época em que o número de automóveis a circular constituía apenas uma reduzidíssima fracção do que se vê actualmente.
Não tarda, estão aí os transportes públicos movidos a hidrogénio, uma energia totalmente limpa e veremos então, mais uma vez, o desenvolvimento sustentável passar ao nosso lado.
Fotos dos troleicarros de Braga de Arsindo, na colecção de Emídio Gardé
Publicado simultaneamente em BlogMinho.
Por outro lado, não podemos descurar o facto de que, se a energia hidroeléctrica se insere na categoria das energias renováveis, é também daquelas que possuem impactos ambientais mais negativos, imediatamente a seguir às nuclear, petrolífera e carbonífera. Soma negativamente a isto, o facto de Portugal ser um país importador de electricidade. Não compreendo assim que, numa altura em que se fazem constantes apelos à poupança desta energia nos nossos lares, devido ao impacto negativo, quer no equilíbrio ecológico, quer na balança de pagamentos, se discutam e defendam maneiras de aumentar o seu consumo.
A questão do trânsito colocou-se em 1963, quando a Câmara Bracarense trocou, cedendo à vontade e ao apoio financeiro do Governo, os eléctricos por troleicarros, mais silenciosos e mais manobráveis. Já nesses inícios dos sessenta o sistema de eléctricos estava obsoleto, numa época em que o número de automóveis a circular constituía apenas uma reduzidíssima fracção do que se vê actualmente.
Não tarda, estão aí os transportes públicos movidos a hidrogénio, uma energia totalmente limpa e veremos então, mais uma vez, o desenvolvimento sustentável passar ao nosso lado.
Fotos dos troleicarros de Braga de Arsindo, na colecção de Emídio Gardé
Publicado simultaneamente em BlogMinho.
8 comentários:
Caro Pedro Ribeiro,
Obrigado pelo seu contributo para esta discussão.
Na verdade, a nossa proposta não quer reintroduzir os eléctricos os anos sessenta, mas sim promover a criação de uma rede de transportes eléctricos sobre carris moderna, ao estilo do que sucede na maioria das cidades de média dimensão da Europa.
Nunca pensei que a proposta fosse no sentido de reintroduzir os velhos eléctricos (que não datavam dos anos sessenta, mas sim da segunda década do século passado: foram introduzidos em Braga em 1914, se não erro). Modernos ou antigos, os eléctricos funcionam sobre carris ou suspensos sob um carril aéreo que, além de caro é absolutamente inestético.
Nunca me agradou o seguidismo tão português e provinciano em relação ao que se faz no resto da Europa. Muito do que é europeu é velho e obsoleto, e hoje em dia, face às exigências energéticas e ecológicas, novas propostas vão surgindo. Imaginemos que Braga adopta a rede de eléctricos e que esse exemplo medra nas cidades portuguesas. Que custo representará esse fenómeno para o consumo de energia no nosso país?
Exactamente. Como digo sempre ao meu filho de 12 anos, as coisas más não são para serem imitadas. Desenvolver / aumentar a ciclovia – Braga presta-se para isso.
Tal como prometido, os comentários ao texto publicado no BlogMinho, o de E. Monteiro e a minha resposta.
E. Monteiro:
Caro Pedro Ribeiro,
Nesse ponto de vista não sei porque utiliza a Internet… esta a utilizar energia eléctrica importada e vai ajudar a poluir o ambiente… Vamos ser sérios em discussão de temas sérios!
Portugal afirma-se cada vez mais com pais produtos de energia eólica (limpa). Associando esse facto a um transporte eléctrico (limpo) que irá diminuir o numero de viaturas a circula durante o dia na cidade e região (ligação a Guimarães, Barcelos, Prado) mais o desenvolvimento económico e social que iria despoletar.
No caso clássico do eléctrico antigo, seria óptimo para o turismo passando em zonas específicas e estudas previamente.
Se calhar isto a si não lhes diz nada… mas para o Minho é de grande importância uma rede de transportes que o ajude a desenvolver. Eu pensava que este Blog era em defesa do Minho…mas afinal…
12 de Outubro de 2007 15:46
Pedro Ribeiro:
1. Começar com uma anedota não me parece ser a melhor forma de propor seriedade no tratamento do assunto.
2. Conforme diz o autor do debate em questão, Pedro Morgado, não se trata de "reintroduzir os eléctricos dos anos sessenta, mas sim promover a criação de uma rede de transportes eléctricos sobre carris moderna".
3. Os eléctricos não são a única energia limpa disponível (no meu pequeno texto refiro os motores a hidrogénio cuja produção em série deve estar por pouco tempo, tendo em vista as empresas que nele têm estado a investir - Ford, BMW).
4. A ligação a Braga-Guimarães e talvez (espero eu) outras povoações, deverá ser feita de metropolitano.
5. Não existem estudos que relacionem o afluxo de turistas com a existência de eléctricos e creio que nunca existirão por motivos óbvios.
6. Não é estranho que se acuse todos aqueles que tecem críticas ao poder político bracarense de estarem contra Braga. Não é verdade, mas o contrário poderá sê-lo, principalmente quando desconfiamos que há pessoas que vivem às custas da boa fé e ingenuidade de uma população que durante dezenas de anos se tem vindo a sentir desprezada pelo poder central.
12 de Outubro de 2007 17:00
Caro Pedro Ribeiro,
"Que custo representará esse fenómeno para o consumo de energia no nosso país?"
1. O Eléctrico é menos poluente que o automóvel individual.
2. A aposta no eléctrico não invizabiliza a aposta em transportes não poluentes.
Sim, isso é verdade. Não pretendo convencer ninguém, nem ser convencido, no que respeita a esta questão dos eléctricos. Sei que os transportes públicos de Braga funcionam mal, assim como a limpeza da cidade e o arcaico sistema de recolha de lixo. Incomoda-me a mim, mais do que a questão de haver ou não eléctricos, a falta de higiene. Quanto aos primeiros, lembro-me bem da barulheira que fazem e dos transtornos provocados no trânsito. Também me recordo claramente de como foi bem recebido o silêncio dos troleicarros em Braga e vista com bons olhos a sua manobrabilidade. Não me esqueço de umas noites mal dormidas em Lisboa, em Campo de Ourique, por causa do chinfrim dos carros eléctricos. Dão-se passeios giros, é um facto. Dos Prazeres à Graça, em Lisboa, e, no Porto, havia uma carreira que nos levava da Praça dos Leões à beira-rio onde se podia embarcar para a Afurada. Creio que esta já não existe... por causa dos problemas levantados ao trânsito.
Caro Pedro Ribeiro,
O eléctrico voltou ao Porto e penso que faz essa carreira que referiu. Eu sou o primeiro a reconhecer algumas desvantagens nos eléctricos. E penso que o debate só pode favorecer esta discussão.
O barulho, os carris e os impactos no trânsito são sem dúvida as maiores desvantagens, mas penso que já há métodos avançados de minimizar muitos desses impactos.
E se o Electrico fosse subterraneio na malha urbana e de superficie nos arredores/ligacoes ao outras cidades minhotas? Nao e o presidente da edilidade Bracarense que quer escavar (mais)um buraco para alargar o tunel da Avenida? Se gosta tanto de tuneis porque nao embarca ele "hard on" com a construcao de um metro?
http://mesadaciencia.blogspot.com/
2007/11/transportes-srio.html
http://mesadaciencia.blogspot.com/
2007/10/metro-em-braga.html
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