6 de julho de 2008

As Bacantes, de Eurípides


Para os incautos que, como eu, se dispuseram a assistir a uma peça de teatro ao ar livre na noite de ontem, sem previamente se terem prevenido com, pelo menos, um polar, a noite foi de gelar os ossos. Apesar disso, ninguém conseguiu abandonar a plateia cujas cadeiras não chegaram para tantos bracaraugustanos ávidos de clássicos, como se dois mil anos tivessem passado apenas demasiado depressa. Poucas vezes os olhos se conseguiram desviar, os femininos dos corpos esculturais de Penteu e do divino Diónisos, os masculinos das sensuais Ménades. No palco privilegiado do Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa, onde a natureza fornece elemento adequado às dionisíacas, evoluíam febrilmente, ao som de percussões inebriantes e sob o fumo de extasiantes incensos, o coro e actores da Asociación Cultural de Teatro grecorromano de Málaga (ACUTEMA) peparando-se para contagiar a mente dos espectadores com o frio que já sentiam nos corpos anunciando a vitória dos mistérios sobre as luzes, dos deuses sobre a razão.
Bravo!

1 comentário:

Pedro Leite Ribeiro disse...

"os femininos dos corpos esculturais de Penteu e do divino Diónisos, os masculinos das sensuais Ménades"... Acho que me esqueci dos outros. Desculpem.