Se uma acção ou obra minha fosse elogiada e publicamente reconhecido o seu valor, eu sentir-me-ia justamente orgulhoso. Se se tratar de obra de antepassados meus, a vaidade é a mesma. É exactamente isso que sinto sabendo que a velha fortaleza portuguesa de Malaca entrou, no passado dia 7, para a lista dos Monumentos e Sítios Património da Humanidade da UNESCO.
Sinto outra coisa, porém: pelo desdém com que esta notícia foi tratada no nosso país, parece-me que aos portugueses pouco lhes interessa esta honra. E no entanto, quantos de nós seremos portadores dos mesmos genes dos 1200 homens que, capitaneados por Afonso de Albuquerque, conquistaram a praça em 1511, ou dos que, durante mais de um século, a protegeram dos ataques malaios e holandeses? Quantos heróis esquecidos defenderam com o sangue, para a longínqua Pátria, praças, feitorias e fortalezas perdidas no imenso Índico? Quantos aguentaram os ferozes ataques dos holandeses, em vão aguardando a nau que por lá passava de 6 em 6 meses apenas para reabastecer paióis e render os soldados exauridos?
A esses que esquecemos somos devedores da glória maior de Portugal, a História do pequeno povo que rompeu o mundo. E quem será capaz de garantir que não é esta memória de grandeza que nos mantém, quase absurdamente e contra todas as probabilidades, vivos e livres ainda hoje? E poderá alguém afirmar com toda a certeza, que não é nessa experiência que as bases do futuro de Portugal devem assentar?
A ler:
Malaca - Colonização europeia, Wikipédia
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3 comentários:
Pedro, peço licença para roubar esta gravura.
Abraço
P. S. Para pôr no Estado Sentido.
Claro, Cristina, é uma honra. E os direitos de autor são da BN.
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