14 de junho de 2006

FENPROF (2)

Muitos docentes vão hoje trabalhar, ou dando aulas extraordinárias para cumprimento dos extensos programas das diversas áreas disciplinares, ou na realização das inadiáveis actividades próprias do final do ano lectivo, ou ainda, no lançamento das pautas do 9º ano e na complexa burocracia que a estas está associada. Colocar o interesse dos alunos à frente do seu interesse pessoal constitui, quer seja sincera, quer não, uma das características mais vincadas dos docentes do básico e secundário. Assim, embora em greve, muitos vão estar a trabalhar. Os alunos e os encarregados de educação, alheados destes movimentos por não se sentirem afectados, não manifestarão nunca o seu reconhecimento, pela simples razão lógica e natural de que é impossível manifestar um fenómeno que não existe. Os sindicatos virão anunciar nos meios de comunicação que a adesão à greve ultrapassou os 70% e logo o governo contraporá com, no máximo, uns 20%. Enquanto leva uma e outra garfada à boca, o cidadão comum assistirá a esta triste futilidade inconsequente com a impaciência de quem espera as notícias realmente importantes, isto é, os resumos dos jogos do campeonato da Alemanha e as últimas da selecção sagres-tmn. Os mais avisados farão uma média arredondada aos dois números anunciados e extrairão daí a sua verdade. Sexta-feira, as pautas serão afixadas e tudo continuará a rolar sobre oleadas rodas, conforme está previamente delineado e superiormente estabelecido. O trabalho será feito e o Estado embolsará uns milhões de euros, contributo desinteressado dos professores para a redução do défice do orçamento. Pela parte do Governo, o reconhecimento com certeza existirá e até, se não fosse de uma incorrecção política extrema, poderia ser publicamente manifestado. Já agora, a sê-lo, faria todo o sentido seguir-se um pedido para que se convoquem mais, muitas mais greves como estas. Mas para isso estão cá a FENPROF e as restantes frentes sindicais dos professores.
No fim, considerando que "PR" de FENPROF são as iniciais de "professores", pergunto-me se o “O” não terá nada a ver com “OTÁRIOS”. Quanto ao “F”, não digo nada, mas só por respeito pelas regras da boa educação.

The Right Arm

4 comentários:

Anónimo disse...

Sublinho e aplaudo! Uma reflexão que vem de encontro aquilo que eu neste momento penso relativamente às medidas gastas e inúteis (com efeitos perversos) que a Fenprof continua a propor.
Greve à FENPROF e um grande F para eles cuja actuação cheira a mofo e tem deixado muito a desejar!
Posso repassar este texto?
beijo

Anónimo disse...

'Não há duas sem três', diz a sabedoria popular; daí que, depois de FENPROF I e II, espero o III, talvez, com o obituário, não?...

abraço,
jorgesteves

p.s. - grato pela visita. Informo que o réu foi absolvido...

Pedro Leite Ribeiro disse...

Mag: como não respondi ao seu pedido, espero que tenha considerado a regra de que "quem cala, consente"!
Abraço!

Pedro Leite Ribeiro disse...

Esse réu merecia, Jorge! Ainda há justiça!
Quantos às visitas, o seu blog é, como deve calcular, uma das minhas visitas habituais e obrigatórias, mesmo não deixando comentários.
Abraço retribuido!