"Calculamos que dois por cento dos adultos mais ricos do mundo possuem mais da metade da riqueza global enquanto os 50 por cento mais pobres detêm um por cento", afirmou no passado dia 5 o director do Instituto Mundial de Investigação sobre a Economia do Desenvolvimento, da Universidade das Nações Unidas, Anthony Shorrocks. E acrescenta: "A riqueza está fortemente concentrada na América do Norte, na Europa e nos países de elevados rendimentos da Ásia e do Pacífico. Os habitantes daqueles países detêm juntos quase 90 por cento do total da riqueza do planeta". E continua: "um por cento dos adultos mais ricos é dono de 40 por cento dos activos mundiais e reside nos Estados Unidos, Japão, Reino Unido, França, Itália, Alemanha, Canadá, Holanda, Espanha, Suiça, Taiwan, enquanto que dez por cento desse opulento grupo possui 85 por cento da riqueza". Por outro lado, "metade da população adulta mundial possui apenas um por cento do capital do planeta".
Por se basear em dados de 2000, o relatório apresentado na Associação de Imprensa Estrangeira em Londres admite que os dados podem não ser totalmente correctos, porque não reflectem as economias emergentes como a China, Índia e Brasil.
Apesar de se tratar, segundo o referido Instituto, de um estudo pioneiro por, pela primeira vez, cobrir todos os países do mundo e incluir os principais componentes da riqueza doméstica tais como activos e passivos financeiros, terrenos, edifícios e outro património, não se trata de novidade nenhuma. Todos nós já o sabíamos, mesmo não tendo acesso aos números exactos. É a nossa velha conhecida gestão planetária movida pela ganância sem escrúpulos e, da mesma maneira, não nos são totalmente desconhecidos os seus principais gestores. Conhecemos, pelo menos, os nomes e os rostos dos dirigentes políticos do G7 e Rússia. Já no que se refere àqueles para quem estes trabalham, apenas nos restam sugestões de instituições, empresas, negócios a movimentar quantias inimagináveis para nós, vulgares cidadãos e comuns mortais.
O conhecimento inicial deste estudo chegou-me em primeiro lugar pela reportagem da RTP. Desde logo, deu para reparar no pequeno rectângulo no lado esquerdo da Península Ibérica excluído do grupo dos ricos e relembrar o paradoxal optimismo do ministro da economia. Depois, remetendo para segundo plano o facto de que "para pertencer ao grupo dos 10% mais ricos é necessário possuir activos no valor de 61 mil dólares ou mais, e mais de 500 mil dólares em activos para pertencer ao 1% mais rico, do qual fazem parte cerca de 37 milhões de pessoas", a nossa querida televisão governamental preferiu salientar que o estudo afirma que possuir um património pessoal igual ou superior a 1700 euros significa pertencer à metade mais rica da humanidade e acabou a reportagem a abrir uma garrafa de champagne (?) dando os parabéns aos que têm uma cozinha equipada com toda a espécie de electrodomésticos, alegando que, neste caso, estes fazem parte dos habitantes mais ricos do planeta. Tantos portugueses deverão, nesse dia, ter ficado felizes! Fazendo tábua rasa da essência da questão, que diz respeito à má gestão do planeta, a RTP preferiu iludir os portuguesitos, contribuindo assim ainda mais, para o fecho do casulo em que vivemos, alheados dos verdadeiros problemas que afectam o nosso mundo. Ingratos portugueses! Não satisfeitos com o pequeno paraíso em que vivem, ainda se atrevem a fazer greves e manifestações contra as medidas justas do divino governo da Nação!
A terminar:
Não estando em causa a infinita cobardia dos ataques a alvos civis perpetrados pela Al-Qaeda, e lembrando-nos nós ainda da perplexidade que a aparente ausência de motivação causou, mesmo numa Espanha ou numa Grã-Bretanha habituadas a acções terroristas, deixo aqui uma pergunta: que fizemos nós, ocidentais, para merecermos tanto ódio?
Por se basear em dados de 2000, o relatório apresentado na Associação de Imprensa Estrangeira em Londres admite que os dados podem não ser totalmente correctos, porque não reflectem as economias emergentes como a China, Índia e Brasil.
Apesar de se tratar, segundo o referido Instituto, de um estudo pioneiro por, pela primeira vez, cobrir todos os países do mundo e incluir os principais componentes da riqueza doméstica tais como activos e passivos financeiros, terrenos, edifícios e outro património, não se trata de novidade nenhuma. Todos nós já o sabíamos, mesmo não tendo acesso aos números exactos. É a nossa velha conhecida gestão planetária movida pela ganância sem escrúpulos e, da mesma maneira, não nos são totalmente desconhecidos os seus principais gestores. Conhecemos, pelo menos, os nomes e os rostos dos dirigentes políticos do G7 e Rússia. Já no que se refere àqueles para quem estes trabalham, apenas nos restam sugestões de instituições, empresas, negócios a movimentar quantias inimagináveis para nós, vulgares cidadãos e comuns mortais.
O conhecimento inicial deste estudo chegou-me em primeiro lugar pela reportagem da RTP. Desde logo, deu para reparar no pequeno rectângulo no lado esquerdo da Península Ibérica excluído do grupo dos ricos e relembrar o paradoxal optimismo do ministro da economia. Depois, remetendo para segundo plano o facto de que "para pertencer ao grupo dos 10% mais ricos é necessário possuir activos no valor de 61 mil dólares ou mais, e mais de 500 mil dólares em activos para pertencer ao 1% mais rico, do qual fazem parte cerca de 37 milhões de pessoas", a nossa querida televisão governamental preferiu salientar que o estudo afirma que possuir um património pessoal igual ou superior a 1700 euros significa pertencer à metade mais rica da humanidade e acabou a reportagem a abrir uma garrafa de champagne (?) dando os parabéns aos que têm uma cozinha equipada com toda a espécie de electrodomésticos, alegando que, neste caso, estes fazem parte dos habitantes mais ricos do planeta. Tantos portugueses deverão, nesse dia, ter ficado felizes! Fazendo tábua rasa da essência da questão, que diz respeito à má gestão do planeta, a RTP preferiu iludir os portuguesitos, contribuindo assim ainda mais, para o fecho do casulo em que vivemos, alheados dos verdadeiros problemas que afectam o nosso mundo. Ingratos portugueses! Não satisfeitos com o pequeno paraíso em que vivem, ainda se atrevem a fazer greves e manifestações contra as medidas justas do divino governo da Nação!
A terminar:
Não estando em causa a infinita cobardia dos ataques a alvos civis perpetrados pela Al-Qaeda, e lembrando-nos nós ainda da perplexidade que a aparente ausência de motivação causou, mesmo numa Espanha ou numa Grã-Bretanha habituadas a acções terroristas, deixo aqui uma pergunta: que fizemos nós, ocidentais, para merecermos tanto ódio?
1 comentário:
Pois...
Há lugares onde as diferenças e desequilíbrios, são muito gritantes. Há algumas capitais no nordeste brasileiro, onde isso é muito comum, muito embora essa seja uma prática nacional. mas há por essa região, uma cidade especialmente, onde menos de 5% detém a maior renda de todo o estado e não só dele, como a de grande parte do país, enquanto que todo o restante da população local, vive solenemente abaixo da linha da miséria, essa mesma que nosso nobre e farfalhão presidente, diz à boca cheia, não mais existir...
Mas isso entende-se, pois ele mal sabe ler!!!
Um lindo final de semana pra ti e beijinhos,
Cris
Quando eu voltar ao Brasil, te escreverei com mais calma.
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