Lembro-me bem do tempo em que os portugueses tinham muita vergonha de serem portugueses. Portugal era um país rural-tradicionalista, atrasado em todos os sectores da economia e da cultura, um resultado mínimo do governo mesquinho e prepotente de um beato incapaz, impotente e arrogante que se considerava a si mesmo o dono do pensamento e da vontade de todos os portugueses. Não admirava assim que estes sentissem vergonha. Que tínhamos então para nos orgulharmos? Apenas uma História contada como o regime a queria contar e que mesmo assim só alguns conheciam, pois que a grande maioria dos portugueses era, por vontade do catedrático no poder, iletrada e analfabeta. Fosse como fosse, tratava-se de assuntos empoeirados e rançosos de pessoas há muito mortas e enterradas, nada mais do que fábulas e, na maior parte das vezes, muitíssimo mais aborrecidas do que aquelas que as avós contavam às crianças.
Lembro-me bem de portugueses que, quando em um qualquer país da Europa ocidental, sendo questionados acerca da sua nacionalidade, invariavelmente fingiam ser brasileiros. Temos ainda hoje, e continuaremos a ter, tantos atrasos que se tornaria fastidioso enumerá-los. Mas, conhecendo os dos outros, e sabendo-nos legitimamente seus pares (mesmo nem sempre sendo assim considerados no trato do dia-a-dia), somos hoje um povo menos embaraçado, talvez mais... desavergonhado. O tratamento desigual que recebemos, não só em França, mas na Alemanha, Luxemburgo e mais um ou outro, deve-se ainda a uma das terríveis consequências do (des)governo do beato da Beira: a emigração. Tratam-nos lá, como muitos imigrantes o são cá. Conhecemos todos o nome deste fenómeno que se manifesta com mais força nos meios descaracterizados da suburbanidade analfabeta, inculta, desempregada, violenta e facilmente arrebanhável.
Lembro-me bem de portugueses que, quando em um qualquer país da Europa ocidental, sendo questionados acerca da sua nacionalidade, invariavelmente fingiam ser brasileiros. Temos ainda hoje, e continuaremos a ter, tantos atrasos que se tornaria fastidioso enumerá-los. Mas, conhecendo os dos outros, e sabendo-nos legitimamente seus pares (mesmo nem sempre sendo assim considerados no trato do dia-a-dia), somos hoje um povo menos embaraçado, talvez mais... desavergonhado. O tratamento desigual que recebemos, não só em França, mas na Alemanha, Luxemburgo e mais um ou outro, deve-se ainda a uma das terríveis consequências do (des)governo do beato da Beira: a emigração. Tratam-nos lá, como muitos imigrantes o são cá. Conhecemos todos o nome deste fenómeno que se manifesta com mais força nos meios descaracterizados da suburbanidade analfabeta, inculta, desempregada, violenta e facilmente arrebanhável.
Tudo isto a propósito de uma daquelas cartas-e que vêm ter em quantidades apreciáveis às nossas caixas de correio, desta vez, uma apresentação de diapositivos a revelar uma sequência de desastres ocorridos em resultado de uma deficiente avaliação de pesos e equilíbrio. Como já conhecia as imagens, desde logo estranhei o título “Resgate de um carro em Portugal”, a conclusão “Sem comentários...” e o "corridinho" como música de fundo. É que o caso passou-se talvez, a avaliar pela paisagem e os dizeres de um dos camiões fotografados, no Reino Unido mas, de certeza, nunca em Portugal. E o que me sugeriu dizer foi que tenho vergonha dos portugueses que têm vergonha de serem portugueses.
1 comentário:
Boas.. se repararem, a ante-penúltima foto e a última são iguais.. com a gaivota no mesmo sitio e tudo.. manipulação de photoshop...
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