Ou, ou!

Se há coisa que me comova no actual governo socialista de Portugal é a enorme franqueza que, de vez em quando, mostra possuir. Pelo menos no que respeita aos negócios com ou da China. Primeiro foi o cómico ministro da economia, talvez a compensar a grande mentira do célebre decreto do fim da crise, a descrever Portugal aos chineses como um bom país para investir já que os portugueses ganham pouco e não se queixam, o que, a bem dizer e para mal dos nossos pecados, é a mais pura das verdades. Tendo respondido às críticas da oposição com um enternecedoramente infantil "eles têm é raiva!", arrumou, de vez, o nosso Manuel, o assunto. Agora, a propósito da visita do Dalai Lama, justificam os governantes lusos o facto de não se receber oficialmente o Chefe do Governo do Tibete no exílio, com a necessidade de não se hostilizar o ogro chinês, dado o volume de negócios existente entre os dois países. Ora a verdade é que o nosso pequeno país não se pode dar ao luxo de afugentar investidores, mesmo que de cadeias de lojas dos 300. Sentido prático é o que parece não faltar a estes senhores socialistas, assim como o gosto de o bem publicitar. Já em 1989, quando do massacre de Tiananmen, nem o governo de Cavaco, nem o presidente Soares, lhe fizeram qualquer referência. Mais uma vez se compreende a posição puramente economicista de Portugal. De mais difícil entendimento é o palavreado dito humanista que percorre os programas políticos dos partidos socialista e social-democrata, onde se expressam inúmeras preocupações com os direitos humanos e a democracia pluralista, o direito à autodeterminação dos povos, "as liberdades e as garantias", etc., etc., cof, cof!