6 de outubro de 2007

Res de gente rica

Realmente, a reportagem da RTP passada ontem, dia 5, não referia as fontes dos dados apresentados na comparação entre os gastos da presidência portuguesa e a coroa espanhola, o que foi aproveitado por alguns cervídeos e outras mentes abertas para reagir com irritação e algum histerismo. No entanto, já no ano de 2005, a revista EXAME publicava este artigo:

Só a palavra “monarca” está envolta em luxo, história e numa corte misteriosa e dispendiosa. Mas será que um presidente, apesar de não ter essa aura, constitui uma factura igualmente pesada? Será que até é mais gastador?

A EXAME fez as contas e comparou os gastos da Presidência da República portuguesa com as despesas da monarquia espanhola. A presidência pesa 13, 325 milhões de euros no Orçamento do Estado de 2005. Um aumento de 2,1% face ao ano anterior. Já entre 2003 e 2004 o Orçamento cresceu 7,7%, passando de 12,049 milhões de euros para 13,050 milhões.

A Casa Real espanhola teve um orçamento de 7,51 milhões de euros em 2004, este ano tem ao seu dispor 7,78 milhões, e para 2006 já está aprovado um orçamento de 8,048 milhões, ou seja, mais 3,5% do que no ano anterior. Aliás, nos últimos dois anos esta tem sido a taxa média de aumento do orçamento da Casa Real espanhola, menos do que todos os departamentos do Estado.

Tendo como referência 2005, temos do lado português 13,325 milhões de euros e do lado espanhol 7,78 milhões. Ou seja, a Casa Civil portuguesa gasta mais 41,7% do que a Casa Real espanhola.

Esta última é considerada até bastante poupada, tendo em conta os gastos das restantes casas reais europeias (veja tabela “Quanto custam outras Casas Reais da Europa”). Segundo especialistas que acompanham as famílias reais, a rainha de Inglaterra terá, só para gastos pessoais, cerca de 15 milhões de euros. Valha-lhe uma libra forte. O orçamento anual britânico, segundo dados revelados pelo diário espanhol El Mundo, ascende a 56,3 milhões de euros. Mas há outras Casas Reais europeias poupadas, à semelhança da espanhola. É o caso da dinamarquesa, que gasta 8 milhões de euros, e da holandesa e da belga, que consomem um pouco mais de 7 milhões cada uma.

Fontes:
Mundo Português
Fórum AUTOHOJE Online

Resta acrescentar que a referida reportagem da RTP, se pecou, foi por defeito, já que não incluiu, nas despesas da república, o custo das eleições presidenciais.

8 comentários:

Cláudio disse...

Com efeito, as monarquias são agora baratuchas. Mas... para o que fazem... não está mal.

joshua disse...

A Monarquia espanhola respeita o povo e faz questão de não dar ocasião a escândalo. O mesmo não se passa com Retropública Portuguesa: sumptuariza os gastos, como sempre fez, instituindo uma tonalidade imoral sobretudo quando se pensam as dificuldades de não pequena parte das pessoas.

Esta Retropública dá-me azia.

Marco Gomes disse...

Deve andar tudo doido. Não podem ver a presidência da República pela vertende económica.
Ao menos podemos escolher o nosso presidente pelas suas ideias e projectos para o país.
Enquanto o rei, terá esta benesse estatal (monetária), pelo simples facto de ter nascido primogénito numa família real, independentemente de ser capaz ou não para o cargo.

Pedro Leite Ribeiro disse...

A vertente económica é, na verdade, um aspecto secundário, embora não totalmente desvalorizável, na questão da escolha entre monarquia ou república em Portugal. Se lhe referi foi apenas com a intençaõ de demistificar uma convicção generalizada de que as monarquias são sumptuárias e caras. A questão da (in)capacidade para exercício do cargo por parte do rei é absolutamente contrariada pelo simples facto de o príncipe herdeiro (ou a princesa) ser, desde tenra idade, preparado para o futuro papel de Chefe de Estado. A monarquia possui ainda mecanismos próprios para destituir de funções um rei que mostre não ser capaz de exercer o cargo, ou que simplesmente desrespeite a Lei Fundamental do País. O rei é um símbolo nacional, um pilar da unidade da nação, tal como a bandeira e o hino, não fazendo sentido mudá-lo de x em x anos. O rei é, acima de tudo, porque rigorosamente supra-partidário, um garante da estabilidade e do respeito pelos anseios mais profundos do povo que o justifica.

Marco Gomes disse...

Tens razão, mas penso que é um sistema político desadequado e descriminatório.
Vejamos, a monarquia heriditária é uma oligarquia estatal. O governo é detido por uma família,i.e, o governo é privado, e não público. Onde o "símbolo" não pode sofrer sufrágio popular.
Pode ter muitas vantagens, mas prefiro governos detidos publicamente.

Pedro Leite Ribeiro disse...

Governo detido por uma família? Governo privado? Não entendo. Nas monarquias constitucionais (Espanha, Reino Unido, Holanda, Dinamarca, Bélgica, Noruega, Suécia), o rei, tal como o nosso presidente, não governa. Os governos são democraticamente eleitos. E, como se vê pela lista apresentada, não estamos a falar de países mal sucedidos.

Marco Gomes disse...

Governo como acto de governar é o que eu refiro.
O nosso Presidente detém o poder de demitir um governo (já aconteceu à pouco tempo), o poder de dissolução do parlamento e poder de promulgar ou não leis.
Não penso que uma monarquia seja democraticamente eleita.
Deter estes poderes a uma certa família torna o governo num tipo de governo privado porque não é dirigido por um eleito do povo.

Anónimo disse...

Oh marco gomes quando leio os teus comentarios ate fico com azia.....para dizeres tais coisas das duas uma,ou dizes por seres republicano ou dizes porque nao sabes patavina de monarquia.

Um rei pode ser eleito ou substituido pelo parlamento caso nao seja competente,numa monarquia constitucional como as europeias,o povo VOTA para quem quer que governe o pais,o rei simplesmente tem o papel de dar indicacoes ao governo quando este governa mal,e tem o papel de conservar uma identidade e independencia secular duma nacao.
Numa republica nao se pode ser presidente se nao vier dos partidos e/ou de apoios de interesses empresariais,logo um pais que tem como chefe um produto de marketing so pode estar no estado em que esta,enquanto que um rei e independente disso tudo,e um arbitro do jogo politico e da muito mais estabilidade,vejam o caso das nacoes mais desenvolvidas em termos de riqueza social da europa,sao monarquias.