Pedro, obrigado pela citação! Este texto é fruto de minha exasperação com o nível subterrâneo de alguns dos debates no blog do Pedro Dória (quando o assunto é Israel/Palestina então, temos uma verdadeira viagem ao centro da Terra). Tem muita gente precisando sair do casulo...
Bem, aqui em Portugal parece que voltámos aos tempos do pós-25 de Abril: anda tudo a chamar-se fascista e comunista, uns aos outros, começando pelos governantes. Que atraso de vida, Nossa Senhora do Sameiro! Esse post acerta em cheio em muita intelecto conceituado que, na verdade, nunca chega a ultrapassar a fase larvar.
Sabemos que o mundo é um lugar complicado. Sabemos que a divisão do mundo em direita e esquerda é redutora. Contudo, não penso que seja simplista, alguém defender uma posição que considera correcta. É necessária coragem e firmeza. Por vezes, o que me parece é que, qualquer pessoa que se pensa em si próprio como evoluído intelectualmente, toma como premissa para a sua acção no mundo, o ser moderado, ter bom senso, entender que o mundo não é preto nem branco, e tomar partido de coisa nenhuma. Aliás, esta é a premissa de qualquer homem civilizado do séc. XXI. Achar que o mundo é demasiado complexo para seguir qualquer ideologia, politica, religiosa, ou o que seja, e assim, preferir acreditar em nada e seguir com a "vidinha". Quanto a mim, o que nos faz de direita ou esquerda não é aquilo que escrevemos ou dizemos, mas sim, como nos comportamos no dia-a-dia. É o trabalho que realizamos para ganhar o pão, aquilo que comemos, como gastamos o nosso dinheiro, como usamos o tempo livre, como educamos os nossos filhos, etc.
Acho que toda a gente se acha evoluída intelectualmente, principalmente os mais novos. Creio que a divisão das pessoas em direita e esquerda é artificial e desactualizada. Conheço pessoas muito inteligentes que não consideram nenhuma das premissas que enuncia. Não ter ideologia não é sinónimo de ser niilista ou conformado. Pergunto: onde está a diferença entre o ganha-pão de um esquerdista e o de um direitista? Como usa o seu tempo livre cada um desses supostos géneros de pessoas? O que come cada um deles, etc.?
Concordo consigo. De facto, a divisão entre esquerda e direita nos dias de hoje está desactualizada. Vivemos neste tal mundo pós-ideológico, o tal do bom senso, da moderação e do receio ao "extremismo", no fundo, o mundo "centrista". O mundo "centrista" é responsável pela homogeneização de opiniões e comportamentos, não transforma o indivíduo, nenhuma decisão importante ao nível pessoal terá de ser tomada, resta-nos apenas, opinar sobre aquilo que vemos na televisão. Se somos a favor ou contra a guerra do Iraque, se concordamos com o partido A ou B, o que pensamos sobre a actuação do governo, etc. Estimula a nossa intelectualidade e nada mais!
Quanto ao comentário anterior, vejamos alguns exemplos de contradições entre aquilo que se prega e aquilo que se faz:
Contradições de uma pessoa de direita conservadora:
-prega a tradição familiar, mas no tempo livre é frequentador de bordéis (Spitzer). -acredita nos benefícios do mercado neoliberal, mas é o primeiro a ir para a rua manifestar-se quando perde o emprego por deslocalização da sua empresa. -prega o direito à vida, mas leva a esposa a abortar.
Contradições de uma pessoa de esquerda "extremista" (que palavra feia): -prega que o capitalismo é responsável pelos males do mundo, mas trabalha para uma multinacional. -prega que a industrialização da comida é responsável pelo sofrimento dos animais, mas come no McDonalds. - Prega que devemos consumir apenas o necessário para viver com dignidade, mas possui um Mercedez SLK.
5 comentários:
Pedro, obrigado pela citação! Este texto é fruto de minha exasperação com o nível subterrâneo de alguns dos debates no blog do Pedro Dória (quando o assunto é Israel/Palestina então, temos uma verdadeira viagem ao centro da Terra). Tem muita gente precisando sair do casulo...
Bem, aqui em Portugal parece que voltámos aos tempos do pós-25 de Abril: anda tudo a chamar-se fascista e comunista, uns aos outros, começando pelos governantes. Que atraso de vida, Nossa Senhora do Sameiro!
Esse post acerta em cheio em muita intelecto conceituado que, na verdade, nunca chega a ultrapassar a fase larvar.
Sabemos que o mundo é um lugar complicado. Sabemos que a divisão do mundo em direita e esquerda é redutora. Contudo, não penso que seja simplista, alguém defender uma posição que considera correcta. É necessária coragem e firmeza. Por vezes, o que me parece é que, qualquer pessoa que se pensa em si próprio como evoluído intelectualmente, toma como premissa para a sua acção no mundo, o ser moderado, ter bom senso, entender que o mundo não é preto nem branco, e tomar partido de coisa nenhuma. Aliás, esta é a premissa de qualquer homem civilizado do séc. XXI. Achar que o mundo é demasiado complexo para seguir qualquer ideologia, politica, religiosa, ou o que seja, e assim, preferir acreditar em nada e seguir com a "vidinha". Quanto a mim, o que nos faz de direita ou esquerda não é aquilo que escrevemos ou dizemos, mas sim, como nos comportamos no dia-a-dia. É o trabalho que realizamos para ganhar o pão, aquilo que comemos, como gastamos o nosso dinheiro, como usamos o tempo livre, como educamos os nossos filhos, etc.
Acho que toda a gente se acha evoluída intelectualmente, principalmente os mais novos. Creio que a divisão das pessoas em direita e esquerda é artificial e desactualizada. Conheço pessoas muito inteligentes que não consideram nenhuma das premissas que enuncia. Não ter ideologia não é sinónimo de ser niilista ou conformado. Pergunto: onde está a diferença entre o ganha-pão de um esquerdista e o de um direitista? Como usa o seu tempo livre cada um desses supostos géneros de pessoas? O que come cada um deles, etc.?
Concordo consigo. De facto, a divisão entre esquerda e direita nos dias de hoje está desactualizada. Vivemos neste tal mundo pós-ideológico, o tal do bom senso, da moderação e do receio ao "extremismo", no fundo, o mundo "centrista". O mundo "centrista" é responsável pela homogeneização de opiniões e comportamentos, não transforma o indivíduo, nenhuma decisão importante ao nível pessoal terá de ser tomada, resta-nos apenas, opinar sobre aquilo que vemos na televisão. Se somos a favor ou contra a guerra do Iraque, se concordamos com o partido A ou B, o que pensamos sobre a actuação do governo, etc. Estimula a nossa intelectualidade e nada mais!
Quanto ao comentário anterior, vejamos alguns exemplos de contradições entre aquilo que se prega e aquilo que se faz:
Contradições de uma pessoa de direita conservadora:
-prega a tradição familiar, mas no tempo livre é frequentador de bordéis (Spitzer).
-acredita nos benefícios do mercado neoliberal, mas é o primeiro a ir para a rua manifestar-se quando perde o emprego por deslocalização da sua empresa.
-prega o direito à vida, mas leva a esposa a abortar.
Contradições de uma pessoa de esquerda "extremista" (que palavra feia):
-prega que o capitalismo é responsável pelos males do mundo, mas trabalha para uma multinacional.
-prega que a industrialização da comida é responsável pelo sofrimento dos animais, mas come no McDonalds.
- Prega que devemos consumir apenas o necessário para viver com dignidade, mas possui um Mercedez SLK.
Abraços.
Enviar um comentário