O hábito deste governo de impor reformas sem discussão prévia com os directamente visados pode estar em vias de dividir a sociedade portuguesa. No fim-de-semana passado aconteceu na capital uma manifestação convocada pelo Partido Comunista como há muito não se via em Portugal. 50 mil pessoas, números oficiais. No próximo, será a vez de os professores se manifestarem contra as medidas não raras vezes irracionais impostas pelo ministério que tutela esta sensível área da sociedade portuguesa. Esta manifestação, que se espera gigantesca, será o culminar das muitas outras que têm acontecido um pouco por todo o país, geradas de forma quase espontânea e sem intervenção sindical ou partidária. O governo anunciou já a sua teimosia no que concerne à política educativa que tem vindo a implementar e, para mostrar a aceitação popular das medidas governamentais, prepara-se para organizar mais uma manifestação, desta vez de apoio ao governo, e que, naturalmente, gostaria que fosse de escala comparável. A esta concentração irão, a avaliar pela festa da vitória eleitoral de António Costa, milhares de arregimentados de todas as freguesias socialistas do país, a troco de, para aqueles que vêm do sul, uma visita turística ao Porto com passagem por Fátima.
Entretanto, que faz o presidente? Procura, a todo o custo, proteger o governo de um colapso que, não fosse o desproporcionado apego de Sócrates ao poder, adivinhar-se-ia para breve. A usual desculpa de promover a paz social, serve apenas os desvarios prepotentes do governo. Recordo, de páginas da História, o tempo em que os reis das primeiras dinastias combatiam os abusos de poder dos poderosos nobres e clérigos, procurando proteger o povo dos impostos pesados, das justiças parciais e de toda a forma de leis repressivas. Era no povo e no seu bem-estar que o rei encontrava a justificação e o objectivo da sua existência. Mas era o tempo dos reis borgonheses de Portugal, não o dos presidentes da república. Se alguma preocupação houvesse por parte do presidente com a vida daqueles que deveria considerar seus concidadãos, teria tido o cuidado de questionar o governo acerca do incumprimento das promessas eleitorais, nomeadamente, a que respeita ao aumento dos impostos. Trataria de se informar se as sentenças dos tribunais estão a ser devidamente acatadas pelo governo, garantindo-se assim o respeito pelos direitos dos cidadãos e, por conseguinte, o bom funcionamento da democracia. Aconselharia o primeiro-ministro a tratar das questões governativas nos locais próprios e não na rua, evitando, assim, populismos demagógicos que fazem, acizentadamente, lembrar outros tempos.
3 comentários:
Não sou militante de nenhum partido; sou contra este governo e também contra esta oposição: os erros do governo carecem de contraposições que, pela fundamentação, se mostrem categóricas. Contra as mesmas não haveria Sócrates que resistisse, a não ser que a mentira, a demagogia e o domínio dos meios de comunicação imperem (como aconteceu no final da primeira parte do Prós e Contras, com aquelas notícias que a Fátima... transmitiu; quem acredita que o professor mencionado reconheceu que o que disse foi mentira?! Obviamente foi induzido a o fazer).
Luís Filipe Rodrigues
Refere-se a Fátima Campos Ferreira, candidata a Ministra da Propaganda?
Essa mesma!
Luís Filipe Rodrigues
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